Conquista do Monte Castelo, símbolo de campanha da FEB na Itália, faz 75 anos

Prenúncio do fim da guerra contra os fascistas em 1945, queda do maciço abriu caminho para os Aliados em direção a Bolonha e ao Vale do Pó

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Por Marcelo Godoy
3 min de leitura
Escola de Esqui do 5º Exército, frequrentada por militares brasileiros como o então tenente Amerino Raposo; na foto, integrantes da FEB Foto: Reprodução Gli eroi venuti dal Brasile

A ordem era capturar a crista que corre do Monte Belvedere para noroeste, inclusive Monte Castelo, a fim de impedir que o inimigo mantivesse sob sua vista a estrada 64, que ligava Pistóia, a Porretta Terme e Bolonha. Nessas poucas linhas a instrução de operações n.º 71, de 26 de novembro de 1944, inaugurava a saga que se tornaria símbolo da ação da Força Expedicionária Brasileira na Itália: a campanha para a tomada de Monte Castelo, conquistados pelos soldados brasileiros há 75 anos. 

A instrução era do comando do IV Corpo de Exército e foi enviada ao general Mascarenhas de Moraes, comandante da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária. O primeiro ataque ao monte reuniu três batalhões de infantaria brasileiro, três grupos de artilharia e três pelotões de carros de combate americanos. Os brasileiros avançaram no dia 29, um dia depois de os alemães terem expulsado as tropas americanas que haviam tomado o Monte Belvedere. O ataque fracassou. As baixas chegaram a 190 entre os combatentes. 

Seria preciso outro ataque – 12 de dezembro, que parou na reação alemã em meio ao nevoeiro e ao imenso lodaçal que se formara com a chuva  – para que o comandado da FEB chegasse à conclusão de que a elevação só poderia ser tomada por meio da ação combinada de duas divisões, com o que o comando do 5.º Exército, ao qual a FEB estava subordinada, concordou. 

A ofensiva só foi retomada em fevereiro de 1945. “Se prepara que amanhã nós vamos tomar Monte Castelo”. Foi assim que o soldado Juventino das Silva, veterano da FEB contou em vídeo preparado pelo Comando do Exército como soube que reiniciaria a marcha paralisada em dezembro. Era o dia 20 quando a tropa foi informada. Ali também estavam o coronel Amerino Raposo, então tenente de artilharia e outro entrevistado pelo Exército, o sargento artilheiro Boris Schnaiderman e o sargento Newton Lascalea, que pertencia a uma companhia de petrechos pesados. 

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Na manhã de 21, a tropa partiu às 5h30 para tomar a posição – um dia antes, conforme o plano, a 10.ª Divisão de Montanha conquistara Monte Belvedere. “Monte Castelo custou muito caro à FEB: 478 brasileiros tombaram em combate, sendo 103 no último dos três ataques. O supremo sacrifício não fora em vão”, escreveu o general Edson Pujol, comandante do Exército, em sua ordem do dia sobre a data, comemorada em todas as unidades da Força. 

Com a queda do monte, não só caía o maciço de cristas, que abria o caminho para Bolonha e para o Vale do Pó, prenunciando o fim da guerra na Itália, mas também a FEB conquistava um dos símbolos  – o mais conhecido deles  – de sua campanha na Itália.

Cinco livros para ler sobre a FEB:

A FEB pelo seu Comandante; J.B. Mascarenhas de Moraes (Editora Biblioteca do Exército)

O Brasil na Segunda Guerra Mundial, Teresa Isenburg (22 Editorial)

Barbudos, Sujos e Fatigados, soldados brasileiros na 2.ª Guera Mundial, Cesar Campiani Maximiano (Grua Livros)

Guerra em Surdina, Boris Schnaiderman (Cosac & Naify)

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Crônicas da Guerra na Itália, Rubem Braga (Record)

Correções

Em versão anterior, os nomes do historiador Cesar Campiani Maximiano e do escritor Boris Schnaiderman estavam grafados incorretamente na lista de livros. 

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