Congresso é que deve falar de denúncia sobre CPI, afirma Dilma

Em agenda de campanha em Guarulhos, presidente evita falar sobre suspeitas de que perguntas foram repassadas com atencedência a depoentes em comissão do Senado que investiga a Petrobrás

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Por CARLA ARAÚJO E VALMAR HUPSEL
Atualização:

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira, 4, que cabe ao Congresso falar sobre as denúncias envolvendo a possibilidade de fraude em depoimentos da CPI da Petrobrás instalada no Senado. "Essa (denúncia) é uma questão que deve ser respondida pelo Congresso", disse Dilma após fazer uma visita de monitoramento a uma Unidade Básica de Saúde, em Guarulhos (SP).

Reportagem publicada pela revista Veja nesse fim de semana afirma que foram combinadas com antecedência as perguntas que seriam feitas à presidente da estatal, Graça Foster, a seu antecessor, José Sergio Gabrielli, e do ex-diretor da área internacional Nestor Cerveró.

"É uma questão que deve ser respondida pelo Congresso", declarou presidente Foto: DIDA SAMPAIO/Estadão

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Após a publicação, lideranças do PSDB defenderam o afastamento do relator da CPI e líder do governo no Congresso, José Pimentel (PT-CE). que, segundo a revista, teria repassado as perguntas e combinado as respostas. Dilma não respondeu se era a favor do afastamento

"O PSDB faz as representações que quiser fazer em Brasília", afirmou Dilma nesta segunda.

A reportagem descreveu diálogos gravados em um vídeo de 20 minutos entre o chefe do escritório da Petrobrás em Brasília, José Eduardo Sobral Barrocas, ligado a Graça Foster; o advogado da empresa Bruno Ferreira; e um terceiro personagem identificado pelo Estado como chefe do departamento jurídico do escritório da Petrobrás em Brasília, Leonan Calderaro Filho. Os citados pela reportagem negam a combinação dos depoimentos.

Dilma em SP.

A agenda de Dilma nesta segunda-feira foi fechada de última hora. Houve desencontro de informações e parte da assessoria informou se tratar de uma agenda mista - entre presidencial e de candidata. No entanto, o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Thomas Traumann, afirmou se tratar de uma agenda de campanha.

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Depois de conversar com jornalistas, a presidente seguiu em direção à porta do posto de saúde para cumprimentar populares. Ela abraçou mulheres e carregou um bebê. A presidente tem sido criticada pelo candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves, por não estar em contato direto com o povo.

A uma mulher que lhe perguntou se a população de Guarulhos ia ficar sem água, Dilma não respondeu diretamente. "Estou acompanhando."

Apesar da disposição da presidente, que encerrou a coletiva e disse que tinha que abraçar as pessoas, o contato foi bastante tumultuado. Dilma estava cercada por seguranças e houve empurra-empurra. Um rapaz chorando dizia, inclusive, que sua prima havia sido agredida pelos seguranças. O tumulto, no entanto, não impediu que Dilma prosseguisse no contato, principalmente com as crianças.

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