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Comissão propõe incluir capítulo para crimes cibernéticos no Código Penal

Lei atual não tipifica a violação de sistema informático; pena vai de 6 meses a um ano de prisão

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Por Ricardo Brito e da Agência Estado
Atualização:

BRASÍLIA - A comissão de juristas do Senado que discute um novo Código Penal aprovou nesta segunda-feira, 21, a inclusão de um capítulo para crimes cibernéticos. O relator da comissão, o procurador regional da República Luiz Carlos Gonçalves, disse que o texto é mais abrangente do que o aprovado na semana passada pelo plenário da Câmara dos Deputados, no calor do episódio do vazamento das fotos da atriz Carolina Dieckmann.

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Não há previsão na lei atual para tipificar os crimes contra a inviolabilidade do sistema informático, ou seja, aqueles cometidos mediante uso de computadores ou redes de internet. A polícia, o Ministério Público e a Justiça enquadram tais crimes como delitos comuns.

A comissão decidiu considerar como crime o mero acesso não autorizado a um sistema informatizado, mesmo que não repasse os dados. Os juristas entenderam que não é necessário haver prejuízo pessoal ou para empresa para que o crime ocorra. O delito ficará caracterizado se alguém "acessar indevidamente ou sem autorização, por qualquer meio, sistema informático, especialmente protegido, expondo os dados a risco de divulgação ou de utilização indevida".

O crime de acesso indevido é de seis meses a um ano de prisão ou multa. A pena pode ser acrescida de um sexto a um terço caso esse acesso resulte em prejuízo econômico.

O acesso não autorizado que resulte na obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas, segredos comerciais e industriais, informações sigilosas previstas em lei, ou controle remoto indevido do dispositivo invadido, fica configurado o crime de intrusão qualificada, com pena de um a dois anos de prisão e multa.

Perfis falsos. A comissão aprovou ainda um agravante para quem criar e usar um perfil falso de uma pessoa ou empresa na rede. O crime é enquadrado atualmente no delito de falsidade ideológica e, se for cometido em sistemas informatizados ou redes sociais, a pena poderia aumentar em um terço ou até a metade.

O anteprojeto da comissão para o Código Penal é considerado mais amplo do que o aprovado na semana passada pela Câmara porque trata de mais tipos penais do que a proposta apoiada pelos deputados - que veio para análise do Senado.

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A comissão de juristas deve apresentar um texto final até junho ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Caberá a ele decidir se propõe um único projeto ou incorpora as sugestões a propostas que já tramitam na Casa.

Veja abaixo as propostas já aprovadas pela comissão

- Criar o crime de enriquecimento ilícito de servidores públicos- Endurecer pena de servidor que abusar de sua autoridade- Criar o crime de abuso das prerrogativas do advogado- Criar a figura da 'organização criminosa' - Criminalizar a exploração dos jogos de azar- Acabar com todos os crimes considerados contravenções penais- Dobrar as penas para veículos de comunicação que facilitem a divulgação de calúnias, injúrias e difamações- Agilizar o trâmite na Justiça dos processos que envolvem os crimes contra a honra- Descriminalizar o aborto quando o feto não tiver cérebro ou não tiver outro órgão vital que impeça a vida extrauterina- Criar o crime de terrorismo- Criar crime específico para quem organizar e manter local onde se prostituam menores de 18 anos- Prever a possibilidade de testemunhas comprovarem a embriaguez de um motorista ao volante no caso de acidentes de trânsito- Aumentar a pena mínima para as pessoas condenadas por crimes financeiros- Rever a regra da prescrição retroativa, que pode favorecer a impunidade

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