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Comissão de Ética vai analisar caso de auxiliar de Temer que atuou em consultoria

Conforme revelou o 'Estado', Thiago Aragão foi nomeado para a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), mesmo sendo dono de uma fatia da Arko Advice, escritório que traça estratégias de lobby em Brasília

Por Rafael Moraes Moura e Fabio Fabrini
Atualização:

Brasília - O presidente da Comissão de Ética dos Agentes Públicos da Presidência e Vice-Presidência da República, Carlos Humberto de Oliveira, informou nesta quinta-feira, 7, ao Estado que o colegiado vai analisar o caso do assessor Thiago Gonçalves de Aragão, escalado pelo vice-presidente Michel Temer para atuar na articulação política do governo. 

Conforme revelou o Estado nesta quinta, 7, Aragão foi nomeado para a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), mesmo sendo dono de uma fatia da Arko Advice, escritório que traça estratégias de lobby para bancos e outras grandes empresas do setor privado em Brasília. 

Vice-presidenteMichel Temer (PMDB)afirmou que não se sentiu derrotado com a rejeição da Casa à proposta do distritão Foto: Dida Sampaio/Estadão

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Entre os clientes da Arko estão os bancos Santander e BTG Pactual e a sueca Saab, que faturou um contrato bilionário para a fabricação dos caças Gripen para o governo brasileiro. 

Publicada na edição desta quarta do Diário Oficial da União, a nomeação de Aragão levantou questionamentos no Planalto sobre um eventual conflito de interesse. O pai de Thiago, Murillo Aragão, é presidente da Arko e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado Conselhão, que assessora a presidente Dilma Rousseff na formulação de políticas públicas.

"Vamos ver esse caso aí, vamos aguardar os desdobramentos. Temos de primeiro analisar. Estamos levantando, estamos analisando", disse Oliveira, que atua como assessor da Subchefia para Assuntos Governamentais (SAG) da Casa Civil. "Temos de fazer o trabalho depois do prosseguimento regular, não podemos antecipar nada porque temos que verificar a situação de fato."

Antes de falar pessoalmente com a reportagem, Carlos Humberto de Oliveira respondeu por e-mail que não caberia à comissão "pronunciar-se previamente quanto à nomeação de servidores". "Diante de eventual situação (de) conflito de interesses, o órgão no qual for empossado o servidor poderá consultar a comissão", escreveu.

"Fica tranquilo, rapaz, que vai ser resolvido. É a obrigação (analisar o caso), né?", disse Oliveira, ao falar com a reportagem depois de mandar a mensagem escrita.

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Desenhista. Em conversa com o Estado, Aragão se definiu como "um desenhista" de estratégias para que os clientes da Arko "façam "lobby deles mesmos". 

Antes mesmo da oficialização da nomeação, o novo auxiliar de Temer já despachava no quarto andar do Planalto, onde atuará na produção de análises e subsídios estratégicos para "aprimorar" a relação do Executivo com o Congresso Nacional, segundo a assessoria da Vice-Presidência. Para a Vice-Presidência, "não há conflito de interesse de nenhum tipo".

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