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CNBB pede voto em defesa da ‘vida’

Declaração da entidade sugere voto para candidatos contrários à legalização do aborto

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Por José Maria Mayrink
Atualização:

BRASÍLIA - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nesta quarta-feira, 12, véspera do encerramento de sua 48.ª Assembleia Geral, em Brasília, uma Declaração sobre o Momento Político Nacional, no qual incentiva os cidadãos a escolher "pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana".

 

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O documento encoraja os eleitores a superar possíveis desencantos com a política para expressar sua cidadania pelo voto ético, esclarecido e consciente nas eleições de outubro.

 

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Ao fazer referência ao projeto de lei conhecido como Ficha Limpa, os bispos dizem esperar que ele "seja um instrumento a mais para sanar o grave problema da corrupção na vida política brasileira".

 

A proposta - de iniciativa popular que já conta com mais de quatro milhões de assinaturas segundo o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral - já passou pela Câmara dos Deputados e será votada pelo Senado.

 

Distorções inaceitáveis

 

Embora não conste do texto, fica implícito que a Igreja não apoia candidatos que defendem a legalização do aborto e outros pontos incluídos no Programa Nacional de Direitos Humanos.

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"Além da descriminalização do aborto, há outras distorções inaceitáveis, como a união, dita casamento, de pessoas do mesmo sexo, a adoção de crianças por pessoas unidas por relação homoafetiva e a proibição de símbolos religiosos (em repartições públicas)", disse o cardeal-arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, em entrevista coletiva.

 

O cardeal salientou que a oposição a essas propostas não significa resistência da Igreja aos direitos humanos. "Quando os direitos humanos eram desrespeitados, a única voz que se levantava contra isso era a da CNBB", disse d. Odilo.

 

No caso do Programa Nacional de Direitos Humanos, acrescentou, é que "querem fazer passar por direitos universais o que é pretensão de grupos".

 

Responsabilidade

 

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A declaração dos bispos sobre a política afirma que "o Brasil está vivendo um momento importante, por seu crescimento interno e pelo lugar de destaque que vem merecendo no cenário internacional". Adverte, no entanto, que "isso aumenta sua responsabilidade no relacionamento com as outras nações e na superação progressiva de suas desigualdades sociais, produzidas pela iníqua distribuição da renda, que ainda persiste".

 

Sem citar a hidrelétrica de Belo Monte, que d. Odilo mencionou ao explicar o texto, a declaração diz que os bispos se preocupam com a execução dos grandes projetos, "sobretudo na Amazônia, sem levar devidamente em conta suas consequências sociais e ambientais".

 

Para a CNBB, permanece também "o desafio de uma autêntica reforma agrária, acompanhada de política agrícola que contemple especialmente os pequenos produtores rurais, como fator de equilíbrio social".

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Ao lembrar os 50 anos da inauguração de Brasília, os bispos afirmam que é preciso transformar a comemoração "em oportunidade para que a capital recupere o seu simbolismo original e se torne de fato fonte de inspiração para os sonhos de um País justo, integrado, desenvolvido e ecologicamente sustentável".

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