CNBB lança Campanha da Fraternidade com defesa do combate à corrupção

Promovida desde 1964 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) iniciativa convida os católicos a refletir sobre um problema do País e a adotar ações concretas para resolvê-lo

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Por José Maria Mayrink
Atualização:

Atualizado às 21h02

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São Paulo - O combate à corrupção deve ser um dos objetivos da Igreja Católica em 2015, afirmou nesta quarta-feira, 18, o arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, ao abrir a Campanha da Fraternidade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cujo tema neste ano é Fraternidade: Igreja e Sociedade. 

“A corrupção é um grande mal político e social que contraria a fraternidade”, disse d. Odilo, durante evento na capital paulista. Para o arcebispo, além de ser uma decisão pessoal do corrupto, a corrupção é um mecanismo que facilita o desvio de recursos destinados a objetivos comunitários. Na opinião de d. Odilo, o combate a esse crime deve ser incluído na reforma política. 

O processo de redemocratização, iniciado na década de 1980, observa o texto-base da Campanha da Fraternidade, “sofre sistematicamente com a corrupção”. 

Integrante da Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, a Igreja Católica apoia a proibição de financiamento de candidatos por empresas (pessoas jurídicas) e a implantação do financiamento democrático, público e de pessoas físicas; a adoção do sistema eleitoral chamado “voto transparente”, proporcional, em dois turnos; a promoção da alternância de homens e mulheres nas listas de candidatos dos partidos; e o fortalecimento da democracia participativa, com plebiscito, referendo e projeto de lei de iniciativa popular. 

‘Compra de votos’. Durante a cerimônia da CNBB realizada em Brasília, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinicius Furtado Coêlho, disse que a reforma é um instrumento essencial para se alcançar a igualdade política. “Temos de dar um passo adiante, superar um sistema político evidentemente pautado em práticas abusivas e indevida de compra de votos”, afirmou. 

Ele defendeu a união de esforços para mudar, principalmente, a forma de financiamento de campanhas eleitorais. “É preciso um voto transparente”, avaliou. 

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O cardeal D. Odilo Scherer Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADAO

O cardeal-arcebispo de São Paulo defendeu o empenho efetivo dos católicos na campanha pela reforma política. “A Igreja não está fora do mundo nem é contra o mundo, mas está inserida no mundo.”

Esse empenho, disse d. Odilo, deve incluir a busca de adesão a um abaixo-assinado para pressionar o Congresso Nacional, como ocorreu no caso da Ficha Limpa, quando a Igreja conseguiu mais de 1 milhão de assinaturas. 

Indígenas e quilombolas. O texto da Campanha da Fraternidade 2015 destaca outros temas. “A melhoria das condições de vida dos brasileiros ainda não se traduziu em melhorias nas condições estruturais de vida da população, sobretudo dos necessitados”, adverte a CNBB.

O texto cita ainda os desafios a serem enfrentados na luta pela reforma agrária, pelas condições de trabalho no campo, por salário justo, por emprego decente e pelo acesso à moradia.

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“No caso dos indígenas, é urgente a demarcação dos territórios, com a mediação nos locais onde existem agricultores que possuem títulos”, afirma o texto-base, que defende também a demarcação dos territórios para as comunidades quilombolas. 

Promovida desde 1964 pela CNBB, durante o tempo da quaresma, que se inicia na Quarta-Feira de Cinzas, a Campanha da Fraternidade convida os católicos a refletir sobre um problema do País e a adotar ações concretas para resolvê-lo. 

O papa Francisco enviou uma mensagem à campanha no Brasil. Lido durante a cerimônia realizada em Brasília, o texto salientava a importância da contribuição da Igreja, respeitando a laicidade do Estado.nha da Fraternidade.

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