Ciro diz que sem Lula na disputa sua responsabilidade 'cresce'

Ex-ministro afirma que representará o setor que ficará 'deserdado' com provável ausência do petista na eleição presidencial

Por Ricardo Galhardo
Atualização:

O ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato à Presidência pelo PDT, disse nesta segunda-feira, 12, que não vê a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa presidencial e, com isso, cresce sua responsabilidade de representar o setor que ficará “deserdado”, segundo ele, com a ausência do petista.

Ciro Gomes, ex-ministro,ex-governador e pré-candidato a presidente nas eleições 2018 Foto: Fábio Motta/Estadão

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“Lamento profundamente mas constato apenas por constatar que é muito improvável a presença de Lula no processo. Portanto, cresce muito a minha responsabilidade de interpretar este arco deserdado por uma fatalidade”, afirmou.

Ciro evitou ir além ao comentar o cenário eleitoral sem Lula que foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão por órgão colegiado , o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), e pode ser barrado pela Lei da Ficha Limpa. Questionado outras duas vezes sobre os impacto da possível ausência de Lula na disputa, o presidenciável do PDT apenas repetiu que sua responsabilidade aumenta.

+++'Não vamos aceitar mansamente a prisão de Lula', diz presidente do PT

Ao descartar a possibilidade de uma candidatura única de esquerda ainda no primeiro turno das eleições, Ciro disse que se não houvesse a certeza de que um nome de seu campo ideológico chegará ao segundo turno, a unidade seria mais fácil.

“(A unidade) seria muito boa para o País mas não considero que aconteça”, disse Ciro, antes de dar uma palestra na Casa do Saber, em São Paulo. “Não vejo essa ameaça (de a esquerda ficar fora do segundo turno). Acredito que se esta ameaça se apresentasse a conexão aconteceria com mais simplicidade. Todos nós estamos percebendo o oposto. Parece que tem tem dificuldade para chegar ao segundo turno é a direita civilizada, se é que podemos chamar assim”, completou.

Bolsonaro. “Direita civilizada” é o termo que o pré-candidato do PDT usou para se referir aos setores conservadores que não apoiam o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Ciro disse que o ex-capitão do Exército seria seu adversário preferido em um eventual segundo turno mas vê inconsistências na candidatura do deputado e ao contrário do que pensam muitos tucanos, acredita no potencial eleitoral do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).

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“Vejo muita incosistência no Bolsonaro. Aqui em São Paulo tem muita gente dizendo que o Alckmin não cresce, mas não vejo isso”, afirmou.

Ao seu estilo, o pré-candidato do PDT desferiu ataques contra o MDB. Além de fazer críticas duras às ações do governo Michel Temer e seus ministros em praticamente todas as áreas, Ciro afirmou que se eleito não vai querer apoio do partido que garantiu governabilidade a Lula e Fernando Henrique Cardoso.

“Sendo eu um dia presidente o PMDB (sic) me fará oposição. Não faço acordo com quadrilheiro”, acusou o ex-ministro, fazendo a ressalva de que existem nomes respeitáveis no MDB cono o ex-senador Pedro Simon (RS), o senador Roberto Requião (PR) e o deputado Jarbas Vasconcelos (PB).

“Isso é o que, enquanto povo, temos que fazer com o PMDB: destruí-lo democraticamente”, afirmou Ciro.