PUBLICIDADE

Cid Gomes diz que 'houve muita conivência de Lula' com corrupção na Petrobrás

Ex-governador do Ceará não poupou o ex-presidente e voltou a criticar a permanência de Eduardo Cunha na presidência da Câmara 'o que só prova, demonstra duas coisas: boa parte da Casa foi financiada por ele e outra parte é igual a ele', disse

Por Igor Gadelha
Atualização:
Cid Gomes deixa o Congresso após discussão com parlamentares Foto: Ueslei Marcelino/Reuters - 18.03.2015

Brasília - O ex-ministro da Educação Cid Gomes (PDT) afirmou nesta quarta-feira, 24, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi conivente com o esquema de corrupção na Petrobrás investigado pela Operação Lava Jato. O pedetista, no entanto, saiu em defesa da presidente Dilma Rousseff, a quem classificou como uma pessoa séria, honrada e bem intencionada.

PUBLICIDADE

"O grande problema do Brasil é, óbvio, vir à tona um período do qual a Dilma não é copartícipe - e, pelo contrário trabalhou para desmontar -, em que uma trupe de gente desonesta se apoderou muito em função de pressões do PMDB e de boa parte desses eventuais ditos partidos que compõem a base, fisiológicos, e houve muita conivência do Lula em relação a isso", afirmou em entrevista exclusiva ao Broadcast Politico.

Para Cid, Dilma fez justamente o contrário.. "O Fernando Henrique disse textualmente que quem não compactuar com o modelo fisiológico da política brasileira é derrotado. Fez. (…) O Lula também foi na mesma linha. A Dilma ensaiou uma reação a isso e fez. Quem tirou a cúpula da roubalheira da Petrobrás foi a Dilma e, oportunisticamente, tem sido criticada por uma coisa que ajudou a desfazer", disse.

O ex-governador do Ceará evitou comentar a prisão, no âmbito da Operação Lava Jato, do marqueteiro João Santana, responsável pelas duas campanhas de Dilma (em 2010 e 2014) e de Lula, em 2006. A Polícia Federal investiga Santana por ter recebido pelo menos US$ 7,5 milhões em contas no exterior. Para investigadores, o montante pode ter relação com os desvios de dinheiro de contratos da Petrobrás. "Parto sempre do pressuposto que as pessoas são inocentes até que se prove o contrário, a presunção constitucional da inocência", disse Cid. Para o político cearense, é preciso aguardar o depoimento do marqueteiro. "O que ele diz é que recursos da campanha de Dilma foram pagos aqui (no Brasil) e que os outros recursos foram de outras campanhas fora do País. Vamos aguardar", afirmou.

Cid participou nesta quarta em Brasilia de solenidade de inauguração de sua foto na galeria de ex-ministros da Educação. Em entrevista à imprensa após o evento, ele afirmou que Lula tem um limite de convivência e de complacência maior do que de Dilma. Ele disse que Lula foi o maior presidente da República nos últimos 30 anos, mas ponderou que "a política brasileira o obrigou a fazer uma série de concessões".

PMDB. O ex-ministro da Educação voltou a criticar o PMDB. Para ele, o partido é a sigla que mais contribui hoje para que as pessoas desacreditem na política brasileira, pois seus integrantes não agem pelo interesse público, mas sim, por interesse próprio. "PMDB é um partido de oportunistas, de fisiológicos, como regra, e é o partido que mais faz mal à política brasileira", disparou Cid Gomes.

Para o ex-governador cearense, o baixíssimo nível moral e ético do Congresso Nacional, em especial da Câmara, piora o cenário político do País. " É claro que tem pessoas sérias, honradas, pessoas de bem, mas a grande maioria da composição da Câmara é de achacadores, chantagistas, sem menor espírito público, e o Eduardo Cunha representa exatamente isso", disse.

Publicidade

Cid afirmou que Cunha é a "excrecência, a caricatura disso tudo". "Uma pessoa completamente desmoralizada no conceito popular, se mantém presidente de uma Casa e, pior do que isso, com o respaldo da maioria da Casa. O que só prova, demonstra duas coisas: boa parte da Casa foi financiada por ele e outra parte é igual a ele", criticou o ex-ministro.

Procurados, o ex-presidente Lula e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, não responderam ao Broadcast Político até o fechamento da matéria. Já Temer, que é presidente nacional do PMDB, afirmou que não iria se pronunciar sobre as declarações de Cid. Temer e Cunha movem processo na Justiça contra Cid Gomes por críticas anteriores feitas pelo político cearense.