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Chapa da oposição tenta adiar eleição da Associação Brasileira de Imprensa

Coletivo não conseguiu se registrar no processo eleitoral; ABI tem orçamento de R$ 3 milhões

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Por Wilson Tosta
Atualização:

RIO - Representantes da chapa Vladimir Herzog, de oposição à atual diretoria da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), esperam a concessão, pela 8.ª Vara Cível, de uma liminar que lhes permita concorrer às eleições para a entidade.

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Eles entraram na Justiça para adiar o pleito, marcado para o dia 26, depois de não conseguirem se registrar para concorrer no processo eleitoral da instituição, um dos pilares da luta pela redemocratização no Brasil, mas que se tornou centro de polêmica marcada por acusações de má gestão, calúnia e, ironicamente, comportamento antidemocrático. Somente a chapa encabeçada pelo atual presidente, Maurício Azêdo, em seu terceiro mandato, obteve registro.

"Um bando de oportunistas", classificou Azêdo. A ABI tem 3 mil sócios e orçamento anual de R$ 3 milhões; sua sede, um prédio da década de 30 na Rua Araújo Porto Alegre, é seu principal patrimônio. A chapa da oposição, que tem como candidato a presidente Domingos Meirelles, faz acusações ao presidente.

Segundo Paulo Gerônimo de Souza, o Pagê, ex-diretor e que pretende concorrer ao posto de diretor financeiro pela Vladimir Herzog, a ABI enfrenta na Justiça 25 execuções fiscais, por dívidas com o INSS, Imposto de Renda e IPTU. Três andares e duas lojas da sede estão penhorados, disse. Ele também acusa Azêdo de não reunir a diretoria há anos, não prestar contas e delegar a administração à mulher, Maria Ilka. Pagê diz ainda que Azêdo impossibilitou o registro da oposição, porque, ao mesmo tempo, exigiu o cumprimento do dispositivo estatutário que obriga que todos os candidatos estejam em dia com suas mensalidades, mas deu férias ao funcionário encarregado das cobranças. Com isso, os boletos não são emitidos nem enviados pelo correio aos sócios.

Contestação. Azêdo nega que a entidade esteja em dificuldades financeiras. "A ABI está com todas as obrigações em dia. E está desenvolvendo um programa de obras sem necessidade de contribuições extras." Ele diz que a penhora dos andares e lojas "é notícia atrasada", porque ocorreu em 2008. Os bens foram apresentados para serem penhorados para que a instituição pudesse contestar na Justiça a cobrança de dívidas com o INSS, geradas pelo fim da isenção da contribuição patronal, a que tinha direito, decretada no fim do governo Fernando Henrique Cardoso. A dívida, de R$ 3,238 milhões, já foi reduzida para R$ 1,606 milhão, disse Azêdo.

O atual presidente disse ser "uma calúnia de caráter puramente eleitoral" a acusação de não ter promovido reuniões da diretoria. "Não tem havido reunião porque três diretores ligados à oposição não comparecem." Azêdo também declarou que os boletos estão sendo emitidos normalmente. "É só pegar e ir ao banco pagar." Sua mulher, disse Azêdo, apenas lhe dá "ajuda para enfrentar os problemas da ABI".

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