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Caseiro nega ter participado do assalto que matou torturador da ditadura

Paulo Malhães foi encontrado morto em sua casa um mês depois de admitir ter torturado pessoas na repressão

Por Thaise Constancio
Atualização:

RIO - O caseiro Rogério Pires negou nesta terça-feira, 6, ter participado do assalto à casa do coronel reformado do Exército Paulo Malhães durante conversa com três senadores da Comissão de Direitos Humanos. Na semana passada, o caseiro do coronel foi preso pela polícia por ter confessado participação no crime durante depoimento prestado à Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Integrante da repressão, Malhães foi encontrado morto no Rio, no dia 25 de abril, vítima de um assalto. O crime aconteceu pouco mais de um mês depois que o coronel admitiu ter torturado pessoas durante a ditadura militar em depoimento prestado à Comissão Nacional da Verdade."Ele demonstrou firmeza. Vamos solicitar uma cópia do inquérito e do depoimento dele à Polícia Civil", disse a senadora Ana Rita (PT-ES), que estava acompanhada do presidente da Comissão da Verdade do Rio, Wadih Damous, e dos senadores João Capiberibe (PSB-AP) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). "Ele (o caseiro) é analfabeto e não tem advogado. Vamos pedir um defensor público para ele", disse Damous.As investigações sobre a morte de Malhães seguem duas correntes. A primeira adotada pela Polícia Civil é sobre a hipótese de o caso ser um crime comum. A segunda linha, que não é descartada pelos delegados encarregados pelo caso, é de Malhães ter sido vítima de vingança.De acordo com a versão apresentada aos senadores, Pires não participou nem planejou o crime, mas reconheceu os irmãos Anderson e Rodrigo Pires como autores. Segundo ele, os dois chegaram ao sítio, na área rural de Nova Iguaçu (cidade na Baixada Fluminense) por volta das 10 horas no dia do assassinato (25 de abril). Malhães só teria chegado ao imóvel três horas depois.Durante o assalto, os criminosos teriam se comunicado por telefone com uma pessoa que estava fora da casa, disse o senador Randolfe Rodrigues. Os parlamentares pedirão proteção para o caseiro e a família dele, além da viúva Cristina Batista Malhães. Eles devem se reunir na tarde desta terça-feira com o chefe da Polícia Civil do Rio, Fernando Veloso.

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