Carvalho recomendou a estatais patrocínio

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Por Eduardo Bresciani
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O chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou nesta quarta-feira, em audiência na Câmara, que a pasta fez uma recomendação para que estatais patrocinassem evento realizado no 6º Congresso do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) por uma entidade ligada ao grupo. O congresso do MST culminou com uma tentativa de invasão do Supremo Tribunal Federal (STF) e um quebra-quebra na Praça dos Três Poderes, em Brasília, que deixou 32 feridos, entre eles, 30 policiais.O jornal O Estado de S.Paulo revelou em fevereiro que a Mostra Nacional de Cultura Camponesa, organizada pela Associação Brasil Popular (Abrapo), recebeu R$ 650 mil da Petrobras, R$ 350 mil do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e R$ 200 mil da Caixa Econômica Federal como patrocínio. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) despendeu ainda R$ 448 mil para mostrar a estrutura para o evento. A mostra aconteceu na área externa do Ginásio Nilson Nelson, em área cedida à entidade pelo governo do Distrito Federal com o argumento de que fazia parte do congresso, que concentrou as atividades no setor interno.Convocado pela Comissão de Segurança Pública da Câmara, Carvalho disse que a Secretaria-Geral da Presidência da República atuou em favor da liberação dos recursos. "Fiz uma recomendação a essas estatais para que realizassem esses patrocínios", disse. Perguntado pelo vice-presidente nacional do DEM, Ronaldo Caiado (GO), se tal gestão não significaria tráfico de influência, Carvalho esclareceu que o pedido foi feito de forma institucional, por meio de um comitê de publicidade do governo."Existe na Presidência, no governo, um comitê de patrocínio, que recebe um número grande de pedidos. É um comitê do qual a Secretaria-Geral faz parte para sugerir apoio ou não. É através desse comitê", disse. "O que faço é dentro da estrutura, um funcionário nosso, dar uma opinião. Eu dei sim esse parecer, dentro desse comitê. Não cometi tráfico de influência. Não infringi nenhuma norma", complementou.O chefe da Secretaria-Geral da Presidência afirmou ainda que não quis criticar a polícia ou os soldados feridos ao questionar o início do conflito na Praça dos Três Poderes. Diz que houve uma falha de informação na polícia, negou que o MST tivesse interesse em promover a invasão do STF e relatou ter visto a confusão de seu gabinete e que os próprios diretores do movimento evitaram um conflito mais grave.

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