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Campos diz que vai manter Mais Médicos

Pré-candidato do PSB, porém, afirma que programa da gestão Dilma é superficial e que governo manipulou discurso para evitar críticas

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Foto do author Pedro  Venceslau
Por Pedro Venceslau e Ana Fernandes
Atualização:

São Paulo - Durante evento realizado nesta terça-feira, 6, na Faculdade de Medicina da USP, o pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, fez duras críticas ao Mais Médicos, do governo federal, mas disse que manterá o programa se for eleito. Sobre o Mais Médicos, que é uma das vitrines da candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff e da campanha do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, pré-candidato petista ao governo paulista, Campos disse que foi criado porque o governo "não tinha o que mostrar na área da saúde". O pessebista afirmou ainda que o governo federal manipulou o discurso e criou uma política imune a críticas por parte da população. "Ninguém ia ficar contra trazer médicos de onde viessem", disse ao lembrar a falta de profissionais, principalmente no Norte e no Nordeste.O ex-governador de Pernambuco afirmou que o programa até tem méritos, mas que é superficial e que, se não for gerido com muito cuidado, irá fracassar. "Num primeiro momento parece vitorioso, mas em um segundo momento será fortemente derrotado. Se fosse só trazer médico de fora, seria muito simples." O pessebista criticou a falta de formação profissional e disse que faltou planejamento de recursos humanos no setor. Campos foi o primeiro pré-candidato a passar pela sabatina organizada pela Faculdade de Medicina da USP para tratar da área da saúde. O anfitrião do encontro, Giovanni Guido Cerri, diretor da faculdade e ex-secretário de Saúde do governador Geraldo Alckmin (PSDB), disse que os "médicos foram demonizados injustamente" e que a presidente "teve uma posição ofensiva aos médicos do SUS (Sistema Único de Saúde)". Campos concordou com a crítica e se solidarizou com a categoria. "A posição dos médicos não é corporativista, é de responsabilidade."Apesar das críticas ao Mais Médicos, o pré-candidato garantiu que não acabará com o programa, caso seja eleito. "Não vamos retirar médicos de comunidades que não têm outra alternativa", afirmou. Para Campos, o debate sobre o programa "só interessa ao governo".Mas, segundo o ex-governador, em caso de uma vitória do PSB nas urnas, os contratos com médicos cubanos serão revistos para que eles recebam a mesma remuneração dos médicos brasileiros. Enquanto os demais profissionais recebem salário de R$ 10 mil reais mensais, aos cubanos cabem diretamente apenas uma parcela deste valor. Recentemente, diante das críticas e para conter possíveis deserções, o governo federal determinou um aumento do repasse para os profissionais cubanos, totalizando US$ 1.245 (cerca de R$ 2.775). Financiamento do setor. Em discurso voltado a médicos, Campos disse que "não há solução mágica para a saúde". Ele defendeu novas formas de financiamento para o SUS, além de políticas transversais que envolvam as áreas de segurança e educação e um aumento de 30% na produtividade do atendimento à população. Ele defendeu também que haja mais verba destinada à saúde e mais eficiência no uso de recursos. Disse que no próximo plano plurianual, em 2015, "o País deve assumir um compromisso claro com o crescimento do financiamento à saúde pública". Para o pré-candidato, é preciso haver mais transparência na indicação a cargos públicos da saúde e estimular a parceria com o setor privado, que, segundo Campos, gere unidades com maior eficiência. "Temos que aumentar a rede filantrópica. Precisamos acabar com o preconceito com quem investe para remunerar seu capital." O pessebista criticou o alto grau de fisiologismo do governo, que, segundo ele, atinge a saúde. Afirmou que, no Rio de Janeiro, por exemplo, a saúde é precária, a população é maltratada e não há segurança para os profissionais que trabalham na área. Ele criticou também a qualidade dos hospitais das clínicas federais, citando o Hospital das Clínicas de seu Estado, Pernambuco, que ele considera ineficiente.

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