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Câmara votará incentivo a mudança de partido

DEM e Podemos querem que reforma política permita ‘portabilidade’ de tempo de TV e verbas do Fundo Partidário em caso de troca de legenda

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Foto do author Pedro  Venceslau
Por Pedro Venceslau e Elisa Clavery
Atualização:
Filiações. Para Agripino, DEM pode chegar a 40 deputados Foto: Nilton Fukuda/Estadão

O DEM e o Podemos querem aproveitar a votação da reforma política na Câmara, que deve acontecer na terça-feira, para incluir entre as mudanças na legislação eleitoral uma cláusula de “portabilidade” dentro da janela de transferência partidária, também conhecida como “janela da traição”.

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A ideia é que deputados que mudarem de partido após a aprovação da reforma levem junto o tempo proporcional de TV e os recursos do Fundo Partidário. “Já apresentamos um destaque. Acreditamos que é necessário, com a possível mudança do modelo, que os deputados possam se reacomodar no tabuleiro político com as legendas de acordo com a nova realidade”, disse ao Estado o deputado Efraim Filho, líder do DEM.

Segundo ele, o ideal é que a “janela” que permite a mudança de partido ocorra logo após a promulgação da emenda, o que deve ocorrer entre setembro e outubro. “O tempo de TV e a divisão do fundo serão calculados pelo tamanho da bancada após a conclusão da janela”, disse o parlamentar.

A mudança também é defendida pelo Podemos (ex-PTN). Os dois partidos acreditam que serão os maiores beneficiados com a migração de deputados. Esperam chegar nas eleições de 2018 com um “patrimônio” político ampliado. “Minha luta é pelo reajuste da questão do tempo de TV de acordo com a nova bancada”, disse a deputada Renata Abreu (SP), presidente do Podemos. 

O relatório do deputado Vicente Cândido (PT-SP) sobre a reforma política fala sobre janela partidária e fixa a data em março do ano de pleito, mas não muda a legislação atual no que diz respeito à portabilidade. Pela lei vigente, a desfiliação não é considerada para fins de distribuição do Fundo Partidário, nem para o acesso ao tempo de rádio e televisão.

Depois de mudar de nome, o Podemos saltou de 4 para 16 deputados federais. “Acredito que passaremos dos 20”, diz Renata Abreu. Já o DEM, partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ) negocia a transferência de deputados de vários partidos, especialmente do PSB. “Acredito que podemos chegar aos 40 deputados”, disse o senador José Agripino (RN), presidente da sigla.

Caso a iniciativa seja barrada na Câmara por partidos que temem perder deputados, caso do PMDB e do PSB, o DEM recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF). “A consulta será feita, tendo em vista que há dúvidas sobre isso”, disse Agripino.

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Mercado. Para Fernando Neisser, presidente da Comissão de Estudos de Direito Eleitoral do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP) e coordenador adjunto da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), a possibilidade de os parlamentares trocarem de sigla e levarem consigo o tempo de televisão e a parcela no Fundo Partidário poderia gerar um “mercado” de troca de legendas. “Não faz sentido aprovar com uma mão a cláusula de barreira, que tende a concentrar os partidos, e com a outra aprovar uma medida que incentiva a fragmentação das siglas”, disse.

No relatório de Vicente Cândido, apenas a divisão do fundo eleitoral público, cuja criação sofre resistências, sofreria impacto de mudanças de partido. Cândido sugere que, em 2018, 34% dos recursos sejam divididos entre os partidos na proporção do número de representantes na Câmara no dia 10 de agosto deste ano, e 15% na proporção de senadores, na mesma data.

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