Câmara vota cassação de André Vargas

Parlamentar (sem partido-PR) é alvo de processo por quebra de decoro em razão das ligações com doleiro Alberto Youssef

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Por Daiene Cardoso
Atualização:

Brasília - Deputados votam na tarde desta quarta-feira, 10, a cassação de André Vargas (sem partido - PR). Durante a sessão o relator do processo, Júlio Delgado (PSB-MG), fez um apelo para que os colegas resgatem a imagem da Casa e votem pela perda de mandato do ex-petista. Os deputados já deram início à votação e todas as bancadas, incluindo a do PT, estão recomendando o voto pela cassação. São necessários 257 favoráveis para que a perda de mandato seja confirmada.

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Vargas, que está de licença médica, não designou um advogado para representá-lo no plenário. Ele enviou fotos comprovando que fez uma cirurgia bucal e solicitou que o pedido de cassação fosse adiado para que ele fizesse sua defesa pessoalmente. O pedido foi negado. A leitura de sua defesa apresentada anteriormente no Conselho de Ética foi feita pelo deputado Eurico Júnior (PV-RJ). "Fui indicado a contragosto", disse na tribuna.

Relator da representação no Conselho de Ética, Delgado lembrou que foram oito meses de trâmite processual e destacou que Vargas fez parte de uma rede articulada pelo doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato. O relator insistiu que Vargas representava interesses do doleiro e que, por isso, quebrou o decoro parlamentar.

A representação que culminou com o pedido de cassação em votação hoje teve origem na denúncia de que Vargas utilizou um jatinho pago pelo doleiro para uma viagem com a família. O deputado Chico Alencar (PSol-RJ) afirmou em plenário que houve uso do mandato em "benefício estritamente pessoal". "Não é uma simples viagem num jatinho oferecido pelo doleiro", declarou.

A votação foi precedida por discussão entre os parlamentares após o petista José Mentor (SP), que presidia a sessão, encerrar os trabalhos alegando falta de quórum para votar a cassação. Parlamentares que haviam participado de cerimônia de posse no Tribunal de Contas da União (TCU) e estavam em reuniões nas comissões se dirigiam ao plenário quando a sessão foi interrompida. Deputados contrários ao encerramento com menos de quatro horas de sessão protestaram e exigiram a retomada do debate.

Deputados de oposição acusaram a ação de "golpe" para livrar o ex-petista do processo de cassação e lembraram que Mentor não é membro da Mesa Diretora e pediu vista quando o processo contra Vargas ainda estava na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O pedido de vista ajudou a postergar a votação na CCJ. "Isso é culpa de quem marcou a sessão e não deu quórum", insistiu Delgado.

O presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), foi chamado às pressas para acalmar os ânimos no plenário. Alves explicou que a sessão foi encerrada para que duas Propostas de Emenda à Constituição (PECs), entre elas o Orçamento Impositivo, fossem votadas ainda hoje. O requerimento de inversão de pauta foi aprovado de forma simbólica e a cassação de Vargas passou a ser o primeiro item dos trabalhos.

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