Nova York - Apesar de dedicar a maior parte de sua fala à política externa, a presidente Dilma Rousseff não deixou de lado os problemas internos do País em seu discurso de abertura da 70ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas nesta segunda-feira, 28, ao afirmar que "o governo e a sociedade brasileira não toleram e não tolerarão a corrupção".
Dilma disse ainda que "a democracia se fortalece quando a autoridade assume o limite da lei como seu próprio limite" e que, "graças à plena vigência da legalidade e ao vigor das instituições democráticas, o funcionamento do Estado tem sido escrutinado de forma firme e imparcial pela justiça e por todos os poderes e organismos públicos encarregados de fiscalizar, investigar e punir desvios e crimes".
A presidente pediu ainda respeito nas críticas. "Queremos um país em que os governantes se comportem rigorosamente segundo suas atribuições, sem ceder a excessos. Em que os juízes julguem com liberdade e imparcialidade, sem pressões de qualquer natureza e desligados de paixões político-partidárias, jamais transigindo com a presunção da inocência de quaisquer cidadãos", disse.
"Queremos um país em que o confronto de ideias se dê em um ambiente de civilidade e respeito. Queremos um País em que a liberdade de imprensa seja um dos fundamentos do direito de opinião e a manifestação de posições diversas, direito de todos os brasileiros", acrescentou.
Para mostrar que não compactua com erros, a presidente avisou que, quem cometê-los, deve ser punido, obviamente garantido seu direito de defesa. "As sanções da lei devem recair sobre todos os que praticaram atos ilícitos, respeitado o princípio do contraditório e da ampla defesa. Essas são as bases de nossa democracia e valho-me de recente manifestação do meu amigo José Mujica, ex-presidente uruguaio, que disse: Esta democracia não é perfeita porque nós não somos perfeitos. Mas temos que defendê-la para melhorá-la, não para sepultá-la'."
Dilma fez questão de lembrar que "os avanços que logramos nos últimos anos foram obtidos em um ambiente de consolidação e de aprofundamento da democracia". E emendou: "Nós, os brasileiros, queremos um país em que a lei seja o limite. Muitos de nós lutamos por isso, justamente quando as leis e os direitos foram vilipendiados durante a ditadura".
Dilma terá ainda um encontro com o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, outro país que enfrenta grandes problemas econômicos e políticos.
A presidente, que a princípio deixaria Nova York na tarde desta segunda, decidiu antecipar sua volta para o fim da manhã, já que terá de enfrentar, na volta ao Brasil, a crise política e econômica.