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Brasil é independente diante de 'arrogância' dos EUA, diz aiatolá

Khamenei agradeceu a presença do presidente Lula, mas não faz nenhum comentário sobre as negociações em relação ao programa nuclear iraniano

Por BBC Brasil
Atualização:

 

      

  

 

Encontro. Lula ao lado do aiatolá Ali Khamenei. Visita tem como ponto principal as negociações em relação ao programa nuclear iraniano.  Foto: Handout/Reuters       

 

    

TEERÃ - O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse neste domingo, 16, após um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Teerã, que o Brasil adotou posições independentes contra as "políticas arrogantes" dos Estados Unidos.

 

 

Segundo a agência de notícias oficial iraniana IRNA, o aiatolá disse que o Irã "acolhe" a ampliação da cooperação mútua com o Brasil no nível internacional.

 

 

Lula e Khamenei encontraram-se neste domingo. A reunião também teve participação do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. Na nota divulgada pela agência oficial iraniana, Khamenei agradece a presença do presidente Lula, mas não faz nenhum comentário sobre as negociações em relação ao programa nuclear iraniano.   

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Lula foi à Teerã apresentar uma proposta do Brasil e da Turquia para evitar que o Irã receba sanções do Conselho de Segurança da ONU, no impasse gerado pelo seu programa nuclear.

 

 

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"O Brasil adotou posturas independentes ao negociar com as políticas arrogantes dos Estados Unidos nos últimos anos", disse Khamenei após o encontro com Lula, segundo a agência de notícias IRNA.

"A República Islâmica do Irã acolhe completamente a ampliação da cooperação mútua com o Brasil em níveis mutuais e internacionais."

Khamenei disse que Estados independentes devem cooperar entre si para mudar as "injustas equações" globais.

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"Nós acreditamos que os países que foram marginalizados ao longo dos últimos 200 anos devido às políticas ilógicas de potências agressivas podem ter um papel fundamental no desenvolvimento global."

Segundo a IRNA, o aiatolá destacou que o Brasil fez "grande progresso" nos últimos anos e que o país é o "maior e mais influente" da América Latina. O aiatolá pediu a expansão das relações entre Brasil e Irã e uma reforma da ONU.

A agência afirma que, ao comentar a "postura do Irã diante dos assuntos internacionais", Khamenei disse que "o Brasil acredita que é direito legítimo da nação iraniana e do seu governo de defender sua independência e desenvolvimento pleno".

Após o encontro com Khamenei e Ahmadinejad, Lula seguiu para seus outros compromissos no domingo, que incluem uma reunião com o presidente da Assembleia Consultiva Islâmica, Ali Larijani, e um encontro com empresários iranianos e brasileiros. À noite ele participa de um jantar oferecido por Ahmadinejad.

O ministério das Relações Exteriores disse à BBC Brasil que a coletiva de imprensa que estava programada para acontecer após o encontro com Ahmadinejad não foi realizada, e que não há previsão se Lula e Ahmadinejad falarão à imprensa neste domingo.

 

Impasse nuclear

Lula foi ao Irã para apresentar uma proposta do Brasil e da Turquia para evitar que o Irã seja alvo de sanções internacionais.

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O Conselho de Segurança da ONU pretende adotar novas sanções contra o Irã, já que alguns integrantes do Conselho - como os Estados Unidos - desconfiam das intenções do governo de Teerã quanto ao seu programa nuclear.

O governo iraniano sustenta que seu programa nuclear tem fins pacíficos, e que o país não pretende desenvolver armas nucleares. O Brasil e a Turquia elaboraram um plano que foi levado por Lula a Ahmadinejad. Na sexta-feira, em encontro com Lula em Moscou, o presidente russo, Dmitri Medvedev, disse que a proposta do Brasil e da Turquia seria a última chance do Irã de evitar as sanções da ONU.

A base da proposta turca e brasileira continuaria sendo o plano da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), do final do ano passado, que prevê o enriquecimento do urânio iraniano em outro país em níveis que possibilitariam sua utilização para uso civil, não militar.

Na segunda-feira, 17, o presidente participa de uma reunião do G15, um grupo de cooperação entre países em desenvolvimento não-alinhados. Além de Brasil e Irã, participam do G15 Argélia, Argentina, Chile, Egito, Índia, Indonésia, Jamaica, Malásia, México, Nigéria, Quênia, Senegal, Sri Lanka, Venezuela e Zimbábue.

Antes de embarcar para o Irã, em Doha, no Catar, Lula disse não entender o ceticismo da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, sobre a possibilidade de o Irã mudar sua postura sobre o seu programa nuclear através do diálogo.

 

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