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Bolsonaro já admitiu que Wassef era seu advogado

‘Ele é meu advogado no caso Adélio’, disse em 2019 o presidente, que agora tenta se desvincular do defensor após a prisão do ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz

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Por Breno Pires
Atualização:

BRASÍLIA – Apesar de tentar se desvincular agora de Frederick Wassef, o presidente Jair Bolsonaro já admitiu, no ano passado, que ele era seu advogado. A afirmação ocorreu no dia 19 de dezembro, 24 horas depois da deflagração de uma operação Ministério Público no Rio para investigar um esquema de “ rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

O advogado Frederick Wassef chega ao aeroporto de Brasilia para embarcar para o Rio nesta quinta-feira, 18 Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO

O presidente havia se reunido com Wassef e com Flávio no Palácio da Alvorada, em 18 de dezembro – dia da operação. Filho 01 de Bolsonaro, Flávio é senador, mas a investigação se refere ao período em que ele era deputado estadual. No dia 19 de dezembro, Bolsonaro foi questionado por jornalistas sobre o assunto e disse a eles que dirigissem as perguntas a seu advogado.

“O senhor esteve aqui com o advogado ontem?”, indagou um repórter. “Estive. Ele é meu advogado no caso Adélio (Bispo, autor da facada contra Bolsonaro, na campanha eleitoral de 2018)”, respondeu o presidente.

Em outra ocasião, o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, também afirmou que Wassef representava Bolsonaro.

Depois que

o assessor parlamentar Fabrício Queiroz foi preso em um imóvel que pertence a Wassef em Atibaia (SP)

, porém, o Palácio do Planalto traçou uma estratégia para afastar Bolsonaro do advogado. Nesta quinta-feira, 18, após

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reunião entre Bolsonaro e ministros do núcleo jurídico e político

, no Palácio do Planalto, interlocutores do presidente se esforçaram para dizer Wassef não representa Bolsonaro.

“O advogado Frederick Wassef não presta qualquer serviço advocatício em nenhuma ação em que seja parte o senhor Jair Messias Bolsonaro”, disse a advogada

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Karina Kufa

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, em nota. Kufa representa o presidente nas ações que pedem a cassação da chapa eleita em 2018.

O Estadão publicou, em setembro de 2019, que Wassef estava assumindo a defesa de Bolsonaro no caso Adélio. Interlocutores do presidente querem agora não apenas descolar a imagem dele da do advogado como acham recomendável que o senador Flávio Bolsonaro deixe de ser representado por Wassef.

Flávio é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como suspeito de chefiar um esquema de “rachadinha” em seu gabinete na Assembleia Legislativa fluminense quando era deputado estadual. A prática consiste no recolhimento de parte dos salários dos servidores por políticos, em um esquema de desvio de recursos públicos.

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Descrito por investigadores como operador do esquema no gabinete de Flávio, Fabrício Queiroz movimentou cerca de R$ 2 milhões e foi preso nesta quinta-feira, 18, por decisão da Justiça do Rio de Janeiro. A mulher de Queiroz também teve a prisão decretada, mas até o momento consta como foragida. Flávio Bolsonaro comentou a operação no Twitter. “Encaro com tranquilidade os acontecimentos de hoje. A verdade prevalecerá! Mais uma peça foi movimentada no tabuleiro para atacar Bolsonaro. Em 16 anos como deputado no Rio nunca houve uma vírgula contra mim. Bastou o Presidente Bolsonaro se eleger para mudar tudo! O jogo é bruto!”, escreveu ele. Wassef, por sua vez, evitou falar com a imprensa nesta quinta-feira.

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