Em ano eleitoral, Rogério Marinho assume ministério do 'Minha Casa Minha Vida'

Bolsonaro troca comando do Ministério do Desenvolvimento Regional, responsável por programas de moradia e saneamento disputados por prefeitos

PUBLICIDADE

Por Mateus Vargas
3 min de leitura

BRASÍLIA - Sem avisar nem mesmo seus aliados, o presidente Jair Bolsonaro dispensou nesta quinta-feira, 6, o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, e chamou para o seu lugar o ex-deputado Rogério Marinho, até então secretário especial da Previdência e braço direito do titular da Economia, Paulo Guedes. Canuto foi o quinto ministro a cair desde o início do governo. 

A decisão foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU). O Ministério do Desenvolvimento Regional é estratégico: responsável pelo Minha Casa Minha Vida, programa que Bolsonaro pretende turbinar, a pasta tem grande influência nas políticas municipais. O movimento do Palácio do Planalto, agora, é para ter uma marca social e entrar no Nordeste, reduto petista. 

Fruit Porn Frambo Mango,primeira cerveja a ser vendida no modelo da Avós Foto: Cervejaria Avós

Próximo ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e filiado ao PSDB, Marinho foi o principal articulador do governo para a aprovação da reforma da Previdência. Natural do Rio Grande do Norte, ele tem boa relação com o Congresso, tanto que chegou a ser cotado para assumir a Casa Civil, comandada por Onyx Lorenzoni. Bolsonaro preferiu, porém, que ele ficasse no comando de um ministério prioritário em ano de eleição por controlar recursos de interesse de prefeitos e parlamentares, como verbas para obras de saneamento, construção de cisternas e moradia.

Marinho também foi relator da reforma trabalhista quando era deputado. Atualmente, ele articula a aprovação do programa Verde Amarelo, que prevê incentivo à contratação de jovens de 18 a 29 anos. Foi bastante criticado por propor a taxação do seguro-desemprego para bancar o plano.

A mudança no Desenvolvimento Regional já havia sido cogitada no ano passado, quando o Planalto abriu uma frente de negociação com a Câmara e o Senado para obter apoio político, recriando o Ministério das Cidades. Como o acordo não foi adiante, Canuto acabou permanecendo no cargo.

O presidente estava contrariado com o desempenho de Canuto, que não conseguiu reformular o Minha Casa Minha Vida. O orçamento do programa era de R$ 4,2 bilhões em 2019, mas caiu para R$ 2,8 bilhões neste ano. Nos bastidores, o diagnóstico é que o agora ex-ministro não tinha nem mesmo interlocução com Guedes. Na dança das cadeiras, Canuto assumirá a direção da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev). Para o lugar de Marinho na secretaria especial da Previdência foi escalado Bruno Bianco, atual adjunto.

Continua após a publicidade

As novas mudanças na equipe ocorrem após Bolsonaro afirmar, em entrevista ao Estado, que dará “cartão vermelho” a quem usar o cargo para tirar proveito eleitoral. “Se algum ministro quer ser eleito, que abra o jogo. E se, porventura, estiver usando ministério para seu respectivo Estado, vai pegar um cartão vermelho de primeira”, afirmou o presidente.

Bandeira. O núcleo político do Planalto avalia que a falta de uma agenda com visibilidade na área social é um dos principais problemas da gestão Bolsonaro, que viu sua popularidade cair nas últimas pesquisas, e pode causar ainda mais embaraços em um ano de eleições. O Estado apurou que o presidente quer dar ao social a mesma credibilidade obtida pelos ministérios da Economia, controlado por Guedes, e da Justiça, comandado por Sérgio Moro

Mudanças. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, deve se manter na Esplanada, dependendo das circunstâncias políticas. Mas Bolsonaro também tem outros planos para ele. Uma das possibilidades é transferi-lo para o comando da fundação que montará o programa do Aliança pelo Brasil.

O novo partido, no entanto, ainda está em fase de coleta de assinaturas e dificilmente conseguirá sair do papel a tempo de disputar as eleições municipais. Se essa ideia vingar, Weintraub ficaria responsável por desenhar a base intelectual do bolsonarismo./COLABORARAM LUCI RIBEIRO, ADRIANA FERNANDES, IDIANA TOMAZELLI e FELIPE FRAZÃO.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.