Bernie Sanders vê 'golpe' no Brasil e defende nova eleição

Em nota divulgada em seu site, o senador disse que os EUA devem adotar “uma posição definitiva contra os esforços para remover” Dilma do cargo

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Por Cláudia Trevisan e Correspondente em Washington
Atualização:
Bernie Sander, senador independente pelo Estado de Vermont,se descreve como um "socialista democrata" edefende uma "revolução política" que transforme o país Foto: REUTERS/Aaron P. Bernstein

Candidato derrotado na disputa pela candidatura do Partido Democrata à presidência dos EUA, o senador Bernie Sanders afirmou nesta segunda-feira que o processo de impeachment contra Dilma Rousseff se assemelha a um golpe de Estado e defendeu a realização de eleição antecipadas para solucionar a crise política brasileira.

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Em nota divulgada em seu site, o senador disse que os EUA devem adotar “uma posição definitiva contra os esforços para remover” Dilma do cargo. Sanders também criticou medidas adotadas pela administração interina de Michel Temer. “Depois de suspender a primeira presidente do Brasil com base em alegações duvidosas, o novo governo interino aboliu o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos”, observou. “Eles imediatamente substituíram uma administração diversa e representativa por um gabinete formado totalmente por homens. A nova e não-eleita administração rapidamente anunciou planos de impor austeridade, aumentar privatização e estabelecer uma agenda social de direita”, ressaltou o senador.

Em sua opinião, o processo contra Dilma tem um caráter político e não legal. “Os Estados Unidos não podem ficar em silêncio enquanto as instituições democráticas de um de nossos mais importantes aliados são solapadas. Nós temos de ficar ao lado das famílias trabalhadores do Brasil e demandar que essa disputa seja resolvida com eleições democráticas.”

Sanders divulgou a nota duas semanas depois de um grupo de 40 deputados democratas ter enviado carta ao secretário de Estado, John Kerry, expressando preocupação com o processo de impeachment. Os parlamentares pediam que o chefe da diplomacia americana evitasse gestos que pudessem ser interpretados como apoio ao governo interino do Brasil.

Apesar da solicitação dos parlamentares, Kerry representou seu país na cerimônia de abertura das Olimpíadas e se reuniu no Rio com o ministro das Relações Exteriores, José Serra. Em pronunciamento à imprensa depois do encontro, ele deu a mais contundente declaração de apoio ao governo interino de um integrante da administração Barack Obama.

Kerry elogiou os esforços brasileiros de combate à corrupção, ressaltou a cooperação com o Brasil em vários setores e fez uma crítica velada à gestão Dilma. “Eu acho que é apenas uma declaração honesta dizer que, ao longo dos últimos anos, as discussões políticas aqui no Brasil não permitiram a realização total, por assim dizer, do potencial desta relação”, declarou o secretário americano ao lado de Serra.

A relação bilateral ficou congelada por quase dois anos depois que Dilma cancelou viagem que faria aos EUA em 2013, em reação às revelações de que havia sido espionada pela Agência de Segurança Nacional (NSA). A visita acabou ocorrendo no dia 30 de junho do ano passado.

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