Bastidores: Articulação política é alvo durante jantar com PMDB

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Por Vera Rosa
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Nem pacote nem cargos. O prato de resistência do jantar em que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, expôs a necessidade do ajuste fiscal para a cúpula do PMDB só foi servido quando o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL) e seus colegas Eunício Oliveira (CE) e Romero Jucá (RR) criticaram a articulação política do governo, patrocinada pelo chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Ao lado de Levy, Mercadante ouviu queixas sobre a ausência do PMDB no núcleo que discute com a presidente Dilma Rousseff as estratégias do governo e prometeu mudanças em breve. "Que coalizão é essa em que o governo põe dois figurões em ministérios estratégicos e inventa partidos para destruir o PMDB, seu principal parceiro?", perguntou Eunício, numa referência à escalação de Gilberto Kassab (PSD) para o Ministério das Cidades e Cid Gomes (PROS) para Educação. Nos bastidores, a dupla se movimenta para engrossar a base do governo com novas siglas. Mercadante negou que a operação tenha o dedo do Planalto, mas ninguém acreditou. No Palácio do Jaburu, na noite de anteontem, muitos reclamaram do desprestígio do PMDB e disseram que o ministro da Casa Civil só procura deputados e senadores do partido em momentos de crise para dividir o ônus, nunca o bônus. "Eu não quero ser sócio do corte de direitos trabalhistas. Quero me associar ao crescimento", afirmou Jucá, relator do Orçamento de 2015. Na tentativa de combater a pecha de que o PMDB é movido por "espaços" no governo, Renan foi mais longe. "Por nós, vocês podem cortar todos os cargos comissionados." O chefe da Casa Civil não esperava tamanha revolta. Quando foi questionado pela primeira vez sobre os problemas, após a apresentação de Levy, Mercadante ficou circunspecto. Disse que ali não era o momento para discutir política, mas, sim, as medidas de ajuste fiscal, enviadas ao Congresso. Diante da insistência, porém, cedeu.

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