Auxiliar de Temer que é dono de consultoria deixa o cargo na SRI

Sócio de um escritório que traça estratégias de lobby para bancos e outras grandes empresas em Brasília pediu demissão após reportagem do 'Estado' revelar sua relação com a empresa

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Por Rafael Moraes Moura e Fabio Fabrini
Atualização:

Brasília - O sociólogo Thiago Gonçalves de Aragão, dono de um escritório que traça estratégias de lobby para bancos e outras grandes empresas do setor privado em Brasília, pediu demissão do cargo de assessor da Secretaria de Relações Institucionais (SRI). A portaria com a anulação da sua nomeação foi publicada nesta sexta-feira, 8, no Diário Oficial da União.

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Conforme revelou o Estado nesta quinta-feira, 7, Aragão foi diretor e é dono de uma fatia da Arko Advice, que se intitula a "principal empresa brasileira de análise política, estratégia e public affairs (relações públicas)". Na prática, segundo o próprio Aragão, o escritório orienta gigantes do setor privado sobre como exercer o lobby por seus interesses no Congresso e no governo.

Segundo a Vice-Presidência, Aragão entregou nesta quinta-feira, 7, uma carta em que desistia de ocupar o novo cargo. O conteúdo da carta não foi divulgado.

Vice-presidente e articulador político do governo,Michel Temer Foto: Ed Ferreira/Estadão

No mesmo dia, o presidente da Comissão de Ética dos Agentes Públicos da Presidência e Vice-Presidência da República, Carlos Humberto de Oliveira, informou à reportagem que o colegiado ia analisar o caso. 

A nomeação de Aragão provocou questionamentos dentro do Palácio do Planalto. Segundo um auxiliar da presidente Dilma Rousseff ouvido pelo Estado, o caso expõe uma situação "delicada", que pode levantar questões de conflito de interesse. Procurado, Aragão não quis falar com a reportagem nesta sexta-feira.

Como diretor da Arko, Aragão era responsável pela "criação de estratégias de comunicação institucional" de multinacionais em operação no Brasil. A empresa é presidida pelo pai dele, Murillo Aragão, que é membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado Conselhão, colegiado de assessoramento da presidente Dilma Rousseff na formulação de políticas públicas. 

Embora tenha se afastado do cargo de diretor da Arko para assumir o cargo de assessor da SRI, Aragão continuou como proprietário do escritório de consultoria. Ele é dono da El Paso Doble Administração e Participações, empresa que integra o quadro societário da Arko, conforme certidões da Receita Federal e da Junta Comercial do Distrito Federal.

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Na SRI, Aragão teria a missão de "produzir análises e fornecer subsídios estratégicos para aprimorar a relação do Executivo com o Congresso Nacional", segundo a assessoria da Vice-Presidência. Antes mesmo da nomeação, o sociólogo já vinha despachando no quarto andar do Planalto. O salário mensal seria de R$ 8.554,70.

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