Autores da denúncia contra Cunha fazem manifestação no Salão Verde da Câmara

Entre os parlamentares que participaram do ato estavam Alessandro Molon (Rede-RJ) e Ivan Valente (PSOL-SP), além de deputados como Luiza Erundina (PSOL-SP) e Chico Alencar (PSOL-RJ)

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Por Julia Lindner
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Eduardo Cunha Foto: Dida Sampaio|Estadão

BRASÍLIA - Deputados da Rede e do PSOL, responsáveis pela denúncia contra Eduardo Cunha no Conselho de Ética, fizeram uma manifestação no Salão Verde da Câmara poucas horas antes da votação da cassação do peemedebista, prevista para começar às 19 horas. Entre os parlamentares que participaram do ato, estavam os líderes dos partidos, Alessandro Molon (Rede-RJ), e Ivan Valente (PSOL-SP), além de deputados como Luiza Erundina (PSOL-SP) e Chico Alencar (PSOL-RJ).

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Eles fizeram discursos contra Cunha e seguraram placas como "Adeus Cunha!", "Antes tarde do que Cunha!", "Sem Cunha e seu autoritarismo" e "Aqui jaz o obscurantismo de Cunha". Em uma estrutura montada em frente a uma das entradas do plenário da Casa, eles também fizeram o "pódio da procrastinação", onde o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) aparece como "campeão". Eles também apresentaram uma lista com todos os parlamentares que se comprometerem a votar a favor da cassação de Cunha.

O PSOL voltou a acusar o PT de ter sido um dos partidos que protegeu Cunha no passado. Segundo Valente, petistas, peemedebistas, tucanos e integrantes de grande partidos políticos do País acobertaram atos de Cunha até o ano passado, antes da instauração do processo de impeachment. De um lado, o então governo teria ajudado Cunha para evitar que a denúncia contra Dilma Rousseff fosse aceita, já a antiga oposição se calou para incentivar o ex-presidente da Câmara a dar sequência ao impeachment de Dilma.

Minoria. Representantes do PT e do PCdoB se reuniram no final da tarde para se preparar contra eventuais questões de ordem de aliados de Cunha para protelar a votação. Segundo a líder da minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), as bancadas dos partidos da minoria estarão 100% presentes na sessão. O grupo provocou o presidente em exercício Michel Temer, dizendo que ele deveria convocar a base aliada do governo para votar. "A pergunta que não quer calar, Temer vai colocar ou não a bancada dele para votar?", questionou José Guimarães (PT-CE).

"Agora é o momento de encerrar esse capítulo, estamos votando não só pelas divergências políticas, e sim pelo acúmulo de ilícitos e as provas que são contundentes", declarou. Questionada se o julgamento seria pelo conjunto da obra, e não sobre a denúncia contra Cunha no Conselho de Ética de ter mentido na CPI da Petrobras, Jandira disse que basta um deputado sonegar impostos para ser processado por quebra de decoro parlamentar, o que, segundo ela, está comprovado que Cunha cometeu.

Em outra direção, o líder do PT, Afonso Florence (BA), afirmou que Cunha deve ser condenado porque "liderou a corrupção na Petrobras, instalou na Câmara um regime de exceção, patrocinou um regime de violência e mentiu na CPI (...) Ele formou uma maioria para se eleger como presidente com base na corrupção e no medo, ficou comprovado que ele é o líder da corrupção no Brasil." Florence também partiu para o ataque contra Temer, citando o áudio do ex-ministro Romero Jucá (PMDB-RR), que disse que "Temer é Cunha".