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Em São Paulo, protesto contra Temer termina em tumulto e ação da PM

Manifestação começou pacífica, na Av. Paulista, e se encerrou à noite, no Largo da Batata, com bombas de gás; nove pessoas foram detidas

Por Vitor Hugo Brandalise
Atualização:

SÃO PAULO - A manifestação contra o governo Michel Temer e em defesa da presidente cassada Dilma Rousseff em São Paulo foi pacífica na maior parte do tempo e, após o encerramento, houve confusão. O ato começou no domingo, 4, à tarde, na Avenida Paulista, região central, e foi dispersado à noite pela Polícia Militar com o uso de bombas e jato d’água depois de um princípio de tumulto no Largo da Batata, na zona oeste. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), nove manifestantes foram detidos.

A passeata partiu da frente do Museu de Arte de São Paulo (Masp), por volta das 18 horas, após o evento com a tocha Paralímpica. As duas pistas da Avenida Paulista foram bloqueadas. O grupo seguiu pela Avenida Rebouças. A organização finalizou o ato as 21 horas, em Pinheiros – foi quando houve, com as portas da Estação Faria Lima fechadas, empurra-empurra no acesso e a primeira bomba foi lançada.

Manifestantes entram em confronto com a PM no Largo da Batata, em SP Foto: Alex Silva|Estadão

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A SSP informou, em nota, que a confusão "se transformou em depredação". "A Polícia Militar atuou para restabelecer a ordem pública, sendo recebida a pedradas, intervindo com munição química (bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo) e uso de jato d'água." Segundo a pasta, catracas foram depredadas.

Com o tumulto, os manifestantes começaram a correr. Barricadas com lixo foram incendiadas na Avenida Brigadeiro Faria Lima, que foi interditada. Agências bancárias foram atacadas e passageiros de ônibus foram surpreendidos com as bombas de gás. Lixeiras foram depredadas. Houve correria também nas Ruas dos Pinheiros e Teodoro Sampaio. Os nove detidos, segundo a SSP, portavam pedaços de madeira, pedras, ferros e máscaras e foram encaminhados para o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), na zona norte.

Um grupo de manifestantes que correu pela Rua dos Pinheiros na direção da Rua Henrique Schaumann, ao ver a PM, entrou em um bar. Assim que eles entraram no estabelecimento, os policiais atiraram bombas, sem motivo aparente. "Protestamos, xingamos a polícia, mas não usamos violência física. A reação foi desproporcional", disse o estudante de Design Vinícius Costino, de 23 anos.

"As bombas da PM não vão intimidar a indignação da população. A próxima manifestação já está marcada e está mantida para a próxima quinta (dia 8), às 17 horas, no Largo da Batata", disse Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). "O governo golpista de Michel Temer falou em cerca de 40 pessoas neste protesto. Somos 100 mil pessoas", afirmou. A PM não divulgou estimativa de público.

Passeata. A manifestação foi organizada pelas Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, das quais faz parte o MTST. O grupo protesta contra o governo Temer e pede a realização de "Diretas-Já", após a destituição de Dilma da Presidência da República pelo Senado, na quarta-feira passada.  Antes do confronto, o grupo seguiu em passeata aos gritos de "fora, Temer" e "golpistas, não passarão". Os organizadores do ato orientaram os participantes a "não reagir a provocações". Famílias acompanharam a marcha. A musicista Nina Blauth, de 53 anos, foi ao ato com o filho Matias, de 5. 

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"No dia em que houve o golpe, ele me viu triste e disse: 'não fica assim, mãe'", disse. "Esse é o momento de mostrar para ele que vivemos em uma democracia e podemos, sim, lutar em paz."

Entre os políticos estavam o ex-senador Eduardo Suplicy (PT), a deputada federal Luiza Erundina (PSOL), candidata a prefeita de São Paulo, e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). "Na China, o Temer disse que somente poucos gatos pingados estavam protestando. Hoje vimos dezenas de milhares nas ruas", disse Suplicy.

Copacabana. No Rio, o ato contra o governo foi realizado na frente do hotel Copacabana Palace e chegou até o Canecão, em Botafogo, casa de shows que está fechada há seis anos. Aos gritos de "Fora Temer" e "Diretas Já", os participantes portavam cartazes acusando de "golpe" o processo de impeachment. / COLABORARAM JULIANA DIÓGENES e MARCIO DOLZAN

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