Apuração em Angra 3 mira em cúpula peemedebista

Romero Jucá, RenanCalheiros e Edison Lobão são alvo de inquéritos no Supremo que investigam contratos da usina

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Foto do author Julia Affonso
Foto do author Fausto Macedo
Por Ricardo Brandt , Julia Affonso e Fausto Macedo
Atualização:

A suspeita de corrupção nos contratos de obras de Angra 3 resultou na abertura de investigações criminais contra pelo menos três integrantes da cúpula do PMDB – o ministro do Planejamento, Romero Jucá (RR), o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o senador Edison Lobão (MA). Os peemedebistas teriam participado do acerto de R$ 30 milhões em propinas ao partido, em 2014, em troca de um contrato de R$ 3 bilhões.

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As investigações foram abertas no Supremo Tribunal Federal, após o dono da UTC, Ricardo Pessoa, afirmar em delação que o ex-ministro de Minas e Energia e senador Edison Lobão pediu uma “contribuição” para o PMDB de R$ 30 milhões.

O valor era referente ao pacote fechado pelo Consórcio Angramon, formado por empreiteiras do cartel descoberto na Petrobrás. Pessoa disse que esteve com Lobão “por orientação do então presidente da Eletronuclear (Othon Pinheiro da Silva)”. “Foi no segundo encontro com Edison Lobão que solicitou pagamento de R$ 30 milhões que correspondia a 1% do valor contratual.”

 Foto: Arte/Estadão

Como não havia sido assinado o contrato, Pessoa disse que avisou ao ex-ministro, que pediu um adiantamento. “Lobão pediu R$ 1 milhão como adiantamento, uma vez que o PMDB deveria ser beneficiado em razão do contrato de Angra.”

No pedido de inquérito enviado ao Supremo Tribunal Federal, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirma que as apurações envolvendo Jucá, Renan e Lobão são apenas o ponto de partida para se chegar a outros beneficiários do esquema dentro do PMDB.

Filhos. De acordo com Pessoa, dessa propina teria se beneficiado também Renan, que, após os acertos com Lobão, solicitou ao empreiteiro R$ 1,5 milhão para a campanha a governador de Alagoas de seu filho, Renan Filho (PMDB). Jucá também teria solicitado a Pessoa o montante de R$ 1,5 milhão para financiar a campanha política de seu filho, Rodrigo Jucá, ao cargo de vice-governador de Roraima. Segundo o Ministério Público Federal, tais valores foram repassados pela UTC por meio de doações eleitorais legais.

Outros delatores, como ex-executivos da Andrade Gutierrez e da Camargo Corrêa, também relataram em depoimento à Justiça Federal ter havido pagamento de propina de 1% nas obras de Angra 3.

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O ministro do Planejamento, Romero Jucá, afirmou na sexta-feira, em entrevista coletiva, que está “tranquilo em relação a qualquer investigação”. Além de Angra 3, ele agora é alvo de novo pedido de apuração relativa a obras de Belo Monte.

“Estamos numa democracia e qualquer servidor pode ser investigado”, disse Jucá. “Não há demérito em ser investigado, há demérito em ser condenado. Não tenho nenhuma relação com as questões colocadas.”

Lobão nega envolvimento em ilícitos e diz que as doações recebidas são legais, sem qualquer vínculo com irregularidades. O senador Renan também nega qualquer relação com o repasse de propinas.