Collor se diz 'humilhado' por operação e ataca Janot no plenário do Senado
'Com tudo que passei ao longo de minha vida, tive que enfrentar uma situação jamais por mim experimentada. Extremo desgaste emocional, mental e físico', disse o senador
Por Bernardo Caram e Ricardo Brito
Atualização:
Brasília - O ex-presidente da República e senador Fernando Collor (PTB-AL) foi nesta noite à tribuna do Senado para se dizer constrangido e humilhado pela operação da Polícia Federal deflagrada na manhã desta terça-feira, 14, no âmbito da Lava Jato. Disse, inclusive, que a ação foi truculenta. Policiais fizeram busca no apartamento funcional e em sua residência pessoal, a Casa da Dinda, onde foram apreendidos carros de luxo, documentos e equipamentos eletrônicos.
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Com ataques diretos ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Collor afirmou que os procedimentos de investigação extrapolaram os limites da legalidade, ressaltando que as buscas (que chamou de arrombamento) teriam sido feitas sem apresentação de mandado judicial. "Uma operação espetaculosa, midiática, com vários helicópteros, dezenas de viaturas e maldosamente orquestradas pelo procurador-geral da República", disse.
"A truculência da operação de busca e apreensão sob o comando o Ministério Público Federal e envolvendo integrantes do Congresso Nacional, inclusive eu próprio, extrapolou todos os limites do estado de direito, extrapolou todos os limites constitucionais, extrapolou todos os limites da legalidade", continuou.
De acordo com o ex-presidente da República, a operação é uma tentativa de prejulgamento. "Os fatos investigados datam de pelo menos mais de dois anos. A investigação já e conhecida desde o fim do ano passado e eu jamais fui chamado a prestar qualquer esclarecimento. Me coloquei à disposição, solicitei para ser ouvido", disse. Ele afirmou que por duas vezes tentou levar explicações aos investigadores, mas as audiências foram canceladas. "Querem evitar a destruição de provas depois de dois anos?", questionou o senador, sobre o argumento usado pela PF para realizar a ação.
Polícia Federal faz buscas em endereços de políticos na Lava Jato
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O advogado Tiago Cedraz, filho do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz Foto: Reprodução
Durante o discurso, o senador citou o ex-procurador-geral da República e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Sepúlveda Pertence, ao afirmar que "o Brasil criou dois monstros, o Serviço Nacional de Informações (SNI) e o Ministério Público". "Eu extingui o SNI no primeiro dia do exercício do meu mandato", disse, antes de afirmar que vai mostrar "a face obscura" do Ministério Público e citar diversas denúncias que fez contra Rodrigo Janot.
Collor disse ainda que as apreensões feitas nesta terça foram desconexas e são uma tentativa de vincular bens legalmente adquiridos a eventos criminosos. "Com tudo que passei ao longo de minha vida, tive que enfrentar uma situação jamais por mim experimentada. Extremo desgaste emocional, mental e físico, juntamente com a minha família", disse. "Constrangido fui, humilhado também fui, mas podem ter certeza que intimidado eu jamais serei", completou o senador.
Em uma ação ensaiada, o senador do PTB fez seu pronunciamento logo após seu aliado, o presidente do senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ter lido em plenário uma nota em que criticou a atuação da PF. A nota não criticou, contudo, a participação do Ministério Público na operação policial.