Após divórcio, Cabral mora em apartamento de banqueiro

Segundo assessoria do governo do Rio, residência oficial não teria 'condições imediatas' para morar; caso vem na sequência de revelações sobre relações entre o governador e empresários

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Por Redação
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RIO - A Assessoria de Imprensa do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), confirmou nessa segunda-feira, 11, que ele se mudou para um apartamento emprestado por Guilherme Paes, um dos sócios do banco BTG Pactual e irmão do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), após se separar da advogada Adriana Ancelmo. O divórcio do casal foi oficializado no dia 5. A informação de que Cabral havia se mudado para o apartamento do banqueiro, no Leblon, zona sul, foi publicada na tarde de domingo, 10, no blog do ex-governador fluminense e deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ), adversário político de Cabral.O prédio fica na esquina da Avenida Delfim Moreira com a Rua Rainha Guilhermina, em um dos endereços mais valorizados da cidade. "O governador se separa, pede ao amigo e prefeito Eduardo Paes o apartamento do irmão para uso por uns dias. O Paes fala com o irmão - que tem zero negócios com o Estado", informou a assessoria do governador. O prefeito confirmou o relato. "Sou amigo do governador, que está se separando. Ele me fez um pedido. É uma situação pessoal. O apartamento pertence ao meu irmão, que mora em São Paulo. Quem pediu fui eu. E pediria quantas vezes fosse necessário. Não existe nenhum conflito de interesse", disse Paes.O governo informou que estava prevista para a noite de segunda a mudança de Cabral para o Palácio Laranjeiras, residência oficial de chefes do executivo fluminense. Do início do primeiro mandato, em 2007, até a separação, Cabral viveu em apartamento da família no Leblon. "O Palácio das Laranjeiras não tinha condições imediatas para morar, porque teve que resolver, antes, problemas elétricos, hidráulicos e de infiltrações", acrescentou a assessoria do governador.Crise. Cabral enfrenta a pior crise política de seus quatro anos e meio de governo, desde que se tornou pública, no mês passado, sua relação de amizade com os empresários Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, e Eike Batista, do grupo EBX. O governador usou um jato de Eike para ir à Bahia participar dos festejos de aniversário de Cavendish. Na ocasião, um helicóptero que servia a parentes do político e do empreiteiro caiu, provocando a morte de sete pessoas. Cavendish perdeu a mulher e o enteado. Mariana Noleto, namorada de Marco Antonio, filho do governador, também morreu. A Delta recebeu mais de R$ 1 bilhão em contratos na gestão Cabral e o grupo EBX obteve R$ 79,2 milhões em benefícios fiscais no mesmo período. O caso provocou protestos da oposição na Assembleia Legislativa e está sendo investigado pelo Ministério Público.Dezoito dias depois de ter viajado no avião de Eike para a festa de Cavendish, o governador assinou decreto que instituiu o Código de Conduta da Alta Administração Estadual. De acordo com o 10.º artigo do decreto 43.057, é vedado ao agente público, na relação com parte interessada não pertencente à administração pública direta e indireta, "receber presente, transporte, hospedagem, compensação ou quaisquer favores, assim como aceitar convites para almoços, jantares, festas e outros eventos sociais". Procurada, a assessoria do Pactual informou que não vai comentar o assunto.

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