BRASÍLIA - Uma rápida conversa por telefone entre o presidente em exercício Michel Temer e o ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, selou o destino do titular da pasta. Silveira disse a Temer, por telefone, nesta segunda-feira, 30, que considerou ter se tornado “insustentável” a sua permanência no governo e explicou que preferia sair “porque não queria se tornar um problema”. Ouviu do presidente, então, um agradecimento pelo seu gesto já que acabou por eliminar o novo foco de instabilidade que surgiu no Planalto e serviu, de alguma forma, de alívio para o governo.
A saída do segundo ministro em uma semana mostra um novo estilo de governo que começa a se desenhar. Assim como no caso de Jucá, Temer deixou o desfecho do caso na mão do titular da pasta que, mesmo depois de ter dado entrevista se explicando, não conseguiu se segurar no cargo e preferiu “se licenciar” o que, na prática, significou sua demissão.
Temer também pediu a Silveira que concedesse uma entrevista se defendendo e passou o dia transmitindo sinais de que estaria disposto a segurá-lo. No entanto, a pressão do corpo de funcionários da CGU deixou Silveira muito vulnerável. No final do dia, então, preferiu deixar o cargo. Na conversa com Temer, Silveira alegou razões familiares e se queixou da agressividade dos funcionários da pasta. O ex-ministro disse estar se sentindo “muito pressionado” e decidiu se afastar.
A insistência de manter Silveira ao longo do dia deixou o governo sangrando. Os ataques, no entanto, estavam se tornando insustentáveis e preocuparam o Palácio do Planalto por conta da instabilidade gerada em um momento que Temer queria reunir forças para aprovar a DRU- desvinculação das receitas da União, no Congresso, e se reforçar para garantir a aprovação do impeachment no Senado.
Com a saída de Silveira, mais um interino ficará à frente de um ministério, até que Temer encontre um substituto. O entendimento, contudo, é que a sua saída reduz as críticas ao governo e tende a devolver a estabilidade ao Planalto. Segundo a assessoria do Ministério da Transparência, apesar de o nome do substituto ainda não estar definiso, a tendência é de que o secretário interino Marcio Tancredi assuma o posto até que Temer defina a situação na pasta. A nomeação de Tancredi, no entanto, ainda não foi efetivada.
O governo sabe que ainda tem outros pontos vulneráveis. É o caso, por exemplo, do atual ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, que é citado na Operação Lava Jato. Ele, porém, não é o único. Outros cinco ministros tiveram seu nomes citados na Operação da Polícia Federal.