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Ao lado de Dilma, Dirceu e Marina, Lula se emociona ao apresentar balanço de governo

Presidente disse, no entanto, que ato era de trabalho e negou que evento fosse despedida: 'Teremos outras oportunidades para despedida'

Foto do author Adriana Fernandes
Foto do author Eduardo Rodrigues
Por Karla Mendes , Fabio Graner , Adriana Fernandes , Eduardo Rodrigues e BRASÍLIA
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregou no início da tarde desta quarta-feira, 15, o balanço de oito anos de governo para registro em cartório frente à plateia na qual estavam o ex-ministro José Dirceu e a senadora Marina Silva. Após a entrega, realizada no Palácio do Planalto, ele foi aplaudido pelos presentes, que gritaram: "Olê, Olê, olê, Lula, Lula". O presidente se emocionou com as homenagens prestadas. Todos os ministros de Estado assinaram o documento. 

 

 

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Lula se disse surpreendido. "Eu achava que era um ato que íamos receber os ministros, registrar em cartório e ia acabar o ato. É um grande evento. Mas vamos tirar proveito dele", afirmou Lula. No entanto, observou que a divulgação do balanço dos oito de governo não é uma despedida. "O que eu queria, na verdade era homenagear os companheiros de governo. Esse não é um ato de despedida, e sim de trabalho", disse. "Teremos outras oportunidades para despedida", acrescentou. 

 

O presidente ressaltou também que a prestação de contas não tem como meta engrandecer os atos do governo, mas principalmente mostrar o que precisa ser feito na nova gestão. "Essa prestação de contas é menos para engrandecer o que fizemos e mais para dar uma fotografia à sociedade brasileira, para saber o que foi feito, o que não foi feito e o que precisa ser feito", disse Lula, referindo-se à presidente eleita, Dilma Rousseff. "É para isso que Deus e os políticos garantiram a eleição, a reeleição e a continuidade", brincou.

 

Segundo Lula, quando usa a expressão "nunca antes na história do Brasil", não quer dizer que foi ele que descobriu o País, mas que realizou coisas que outros não fizeram. "Muita gente fica incomodada quando falo ''nunca antes na história do Brasil''. Não é que descobrimos o País, mas fizemos aquilo que outros não fizeram", disse.

 

Ainda de acordo com ele, o documento servirá para que a imprensa nacional descubra medidas que foram tomadas durante os seus dois mandatos. "No mundo inteiro, com Cuba e China de exceção, a imprensa cobre o que tem mais apelo, e às vezes destruir tem apelo", disse o presidente. "Gostaria que tivesse manchete favorável, mas não tem. Quando leio o jornal e não tem matéria favorável, prefiro viajar o Brasil e falar de mim", completou Lula.

 

O presidente destacou os mais de 80% de aprovação de sua gestão ao fim do segundo mandato e lembrou que se somadas às avaliações de "regular", sua aprovação chega a 96% da população. "É quase a unanimidade", afirmou Lula. "Peço aos outros 4% que nos classificaram como ruins ou péssimos, que nos olhem com bondade e que olhem para a ''Dilminha'' com bondade", acrescentou.

 

O presidente afirmou que, ao contrário do que impressa publicou, não foi ele quem escolheu a continuidade dos ministros Mantega e Paulo Bernardo (que deixa o Planejamento e assume as Comunicações) no próximo governo. "A Dilma os conhece muito mais do que eu. Cada vez que eles entravam na minha sala, já tinham feito duas ou três reuniões com ela. Ela que escolheu, com o livre arbítrio dela", disse Lula. Ao final do seu discurso, Lula afirmou que "o dinheiro está ficando curto para os ministérios que fazem desenvolvimento e está ficando gordo para o Guido e para o Paulo (Bernardo)".

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5ª economia em 2016

 

Lula disse ainda que o Brasil deve se tornar a quinta maior economia do mundo em 2016 se depender da presidente eleita, Dilma Rousseff, e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que continuará no cargo. "Somos a nação do pré-sal, a nação da Copa do Mundo, da Olimpíada, e se depender da dona Dilma e do ''dom Guido'', vamos ser a quinta economia do mundo em 2016 e vamos conquistar essa medalha de ouro", disse Lula, durante cerimônia em que apresentou o balanço de seus oito anos de governo.

 

O presidente destacou também ações do governo no plano econômico, que combinaram crescimento econômico, expansão da renda do trabalhador e empregos formais. "As taxas de desemprego estão nos menores níveis em décadas: 6,1%. Pela primeira vez, temos mais trabalhadores formais que informais", comemorou.

 

A mudança do posicionamento do Brasil, que passou de devedor a credor internacional, foi comemorada. "Pela primeira vez, o Brasil é credor externo e emprestou ao Fundo Monetário Internacional (FMI)", celebrou Lula.

 

Ele lembrou que, no início de sua gestão, em 2003, o Brasil tinha apenas US$ 80 bilhões em reservas internacionais e que hoje esse montante é de US$ 285 bilhões só no Banco Central. "E ainda emprestamos US$ 14 bilhões ao FMI", lembrou. "Isso explica porque as empresas de capital aberto do setor produtivo alcançaram a maior rentabilidade dos últimos anos", ressaltou.

 

Lula festejou também os recordes sucessivos das exportações agrícolas. "Teremos a maior safra de grãos em 2010: 148 milhões de toneladas", afirmou.

 

Ele fez questão de ressaltar o papel do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Hoje o estado está se tornando de fato um indutor do desenvolvimento. O PAC transformou o País em um imenso canteiro de obras, mudou a cara de nossa sociedade", afirmou.

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O presidente citou que, por meio do PAC, foi possível oferecer moradia digna à população e retomar os investimentos na indústria naval e ferroviária. "Há 18 anos esse país não produz um trilho porque teve um momento em que se pensou em acabar com as ferrovias", criticou. Ele destacou que o País está vivendo um "longo e duradouro processo de desenvolvimento" e que esse progresso econômico "beneficia a todos", inclusive regiões do País, como o Nordeste, que estavam excluídas desse processo.

Melhorias sociais

Lula lembrou também as ações dos oito anos de sua gestão, que transformaram o combate à fome em "causa nacional", garantindo aos brasileiros pelo menos três refeições diárias. O presidente enfatizou ainda o fortalecimento da agricultura familiar e o assentamento de 586 mil famílias.

 

Segundo ele, em seu governo todos os setores da sociedade brasileira melhoraram de vida, mas os segmentos mais pobres da população progrediram mais. "Nós viemos com o compromisso de desenvolver o Brasil, enfrentando a miséria e a fome, e as causas da desigualdade. Viemos para fazer crescer mais as regiões que historicamente ficaram para trás", disse.

 

Lula afirmou que o Nordeste, que antes não recebia recursos, hoje é berço de grandes obras de infraestrutura. "O mesmo ocorre no Norte", afirmou. Ao falar dos avanços na área de ciência e tecnologia e educação, o presidente disse que não se quer "tirar nenhum doutor" da região nordestina. "Nós queremos formar mais doutores no Nordeste", afirmou, ao relatar que "alguns achavam" que a região só formava pedreiros.

 

O presidente falou sobre o que classificou de "transformações" na Região Norte, onde, de acordo com ele, estão sendo construídas as maiores e mais modernas usinas hidrelétricas do mundo, ambientalmente sustentáveis. "Consolidamos nossa posição como potência da agroenergia, com o etanol", disse, ao ressaltar que o governo implantou em tempo recorde um programa nacional de biodiesel.

 

Lula disse ainda que o governo investiu fortemente na educação, beneficiando todos os níveis de ensino. Hoje, afirmou Lula durante cerimônia de balanço do governo no Palácio do Planalto, muitas famílias têm um integrante com diploma universitário. Segundo ele, o Brasil passou a Rússia e a Holanda na publicação de artigos científicos. "É pouco, a Dilma (Rousseff, presidente eleita) vai fazer muito mais."

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José Alencar

 

O presidente fez uma homenagem especial ao vice-presidente José Alencar, que se encontra internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Ele lembrou do jantar no qual conheceu Alencar e que, na hora, pensou que ele seria seu vice.

 

Ele afirmou duvidar que algum governante mundial tenha tido um vice-presidente tão bom quanto Alencar. "Pode ter igual, mas melhor eu duvido, um companheiro fiel como eu nunca vi na vida", disse. "O grande empresário e um médio sindicalista se juntaram e fizeram pelo Brasil o que muitos outros não fizeram", concluiu.

 

WikiLeaks

 

Para Lula, com a divulgação de todos os atos do governo, inclusive do Itamaraty, o site WikiLeaks não vai precisar de ações clandestinas para obter informações do governo brasileiro. "Não vai ter vazamento do WikiLeaks porque nós vamos vazar antes", brincou.

 

O presidente afirmou ainda que as realizações de seus dois mandatos foram feitas de maneira "verdadeiramente democrática", valorizando o Congresso Nacional e ampliando a participação da sociedade nas decisões. "Temos instituições consolidadas e funcionando. Há plena harmonia entre os Poderes da República", completou.

 

(Atualizada às 17h)

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