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'Ao Brasil não volto', afirma Pizzolato

Declaração foi dada por advogado de ex-diretor do Banco do Brasil após coletiva de imprensa na Itália ser cancelada

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Por Jamil Chade
Atualização:
Pizzolato não apareceu na coletiva de imprensa confirmada para esta segunda, 3, e declarações foram dadas por seu advogado. Foto: Mastrangelo Reino/Estadão

MODENA - Henrique Pizzolato avisa: ao Brasil não volta e não vai mais falar de política. Nesta terça-feira, ele daria uma coletiva de imprensa em Modena, mas, faltando menos de 24 para o evento, cancelou o encontro com os jornalistas. "Ele quer fechar seu passado e iniciar uma nova vida na Itália", declarou seu advogado, Alessandro Sivelli. "Ele me disse: ao Brasil não volto", disse. No domingo, Pizzolato não apareceu para coletar seus documentos em La Spezia e, apesar de solto há uma semana, até agora não apareceu no endereço que ele forneceu à polícia, em Maranello. Oficialmente, o cancelamento da coletiva de imprensa ocorreu supostamente porque a imprensa publicou "notícias falsas" sobre ele. Ao receber os jornalistas para explicar a situação, Sivelli mudou a explicação para o cancelamento. "O combinado era de que falaríamos apenas sobre o processo. Mas quando ele viu que poderiam falar de temas políticas e de seu passado, decidiu que não queria", disse. "Ele não quer intervir na política brasileira e existe o risco de que suas declarações sejam usadas politicamente, de um lado ou de outro", disse. "Houve uma mudança política no Brasil", constatou. "Pizzolato me disse: não quero falar do meu passado", disse. Itália. Sivelli ainda confirmou que Pizzolato pretende ficar na Itália. "Ele não vai colocar o pé em San Marino ou em Monte Carlo", declarou o advogado, em uma referência ao caso de Cacciola que, ao viajar, acabou sendo preso e extraditado. "Ele quer uma vida normal, fora da imprensa, tranquila", disse. Sivelli indicou que, na prisão, Pizzolato "visitava a enfermaria praticamente todos os dias". "Ele estava traumatizado", disse. O advogado ainda argumentou que, inicialmente, Pizzolato achava que a coletiva de imprensa seria dada pelo advogado. Quando entendeu que era ele que falaria, mudou de opinião. "Suas declarações não foram respeitadas e foram manipuladas", declarou. As explicações do advogado foram diferentes do que o comunicado indicou, horas antes. Em um email, seu advogado esclareceu que o cancelamento ocorreu porque "algumas de suas declarações foram manipuladas e foram instrumentalizadas e que foram publicadas notícias falsas sobre sua atual condição de vida e que não tem relação com a decisão da Corte de Bolonha". O comunicado não cita nem as reportagens e nem os veículos de comunicação. "Pizzolato não tem nada a adicionar à argumentação jurídica decidida no processo de extradição e que foi acatada pela Corte de Bolonha", indicou o texto. Na sede do escritório, advogados se recusaram a dar respostas e até desligaram o telefone ao saber que se tratava de jornalistas. Seu advogado, Alessandro Sivelli, aproveitou para insistir que a recusa da Corte em extraditá-lo é resultado da constatação de que ele não teve seus "direitos de defesa" respeitados no STF, não teve direito de recorrer e que as prisões brasileiras não garantem seus "direitos fundamentais". A coletiva de imprensa ocorreria nos escritórios de Sivelli, no centro de Modena. Televisões brasileiras viajaram até o local, assim como muitos dos correspondentes brasileiros na Europa. Para participar do evento, Sivelli pediu que Pizzolato não fosse contatado antes, que a imprensa não o parasse na rua e nem que não tentasse entrevistá-lo. "Tudo o que ele achar que deve falar será dito na conferência", escreveu na semana passada. No domingo, ele voltou a pedir que a imprensa deixe Pizzolato em paz. "Peço que respeitem a privacidade do meu cliente e das pessoas que estão próximas a ele e que os conhece". Ao deixar a prisão, na semana passada, o ex-diretor do BB hesitou em falar, mas quando viu que a imprensa italiana também o aguardava, optou por dar declarações de amor à Justiça da Italia, dizer que estava com a "consciência limpa" e garantir que foi alvo de uma injustiça no julgamento do mensalão. 

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