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André Vargas agora nega que Padilha tenha feito indicação

Deputado licenciado afirma que houve ‘interpretação apressada’ da mensagem enviada a doleiro, e interceptada pela Polícia Federal, em que cita pré-candidato do PT ao governo paulista

Por Ricardo Della Coletta
Atualização:

São Paulo - O deputado federal licenciado André Vargas atribui a "uma interpretação apressada" a suspeita de que o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha teria indicado um ex-assessor da pasta para trabalhar no Labogen, laboratório que, segundo a Polícia Federal, centralizava o esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Youssef e desbaratado pela Operação Lava Jato no dia 17 de março deste ano.Durante as investigações, os policiais federais interceptaram uma mensagem de texto enviada por celular de Vargas para Youssef na qual o deputado afirma: "Foi Padilha que indicou", referindo-se a Marcus Cezar Ferreira de Moura, que já havia trabalhado no Ministério da Saúde, como assessor de eventos, por alguns meses no início de 2011. Moura passou a trabalhar no laboratório meses depois. O Labogen havia fechado uma parceria com o Ministério da Saúde para fornecimento de medicamentos. Após a operação da Polícia Federal, o negócio foi desfeito. A pasta afirma que não realizou nenhum pagamento para o laboratório suspeito.Após a revelação do envolvimento de Vargas com o doleiro - chegou a viajar num jatinho de Youssef -, o parlamentar deixou seu cargo de vice-presidente da Câmara. Quando o nome de Padilha apareceu, Vargas passou a ser pressionado pelo PT para renunciar ao mandato. Acabou se desfiliando do partido. No fim de semana, Vargas negou que Padilha tenha feito a indicação e citou a "interpretação apressada". Numa mensagem de texto, afirmou ao Estado: "Não está dito que o Padilha indicou para o Labogen. Interpretação apressada e fruto de vazamentos seletivos e parciais levou vocês a manchetarem contra o PT". O deputado federal já havia negado envolvimento de Padilha na indicação ao Jornal Nacional, da TV Globo, e ao jornal Folha de S.Paulo.Apesar de dizer que a mensagem de texto enviada a Youssef foi mal interpretada, Vargas não quis dizer exatamente em qual contexto ele estava citando o ex-ministro da Saúde. Padilha também nega que tenha indicado Moura para o Labogen. O ex-ministro, que é pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, interpelou Vargas judicialmente para que ele confirme ou negue o conteúdo das mensagens trocadas com o doleiro, que está preso desde março sob acusação de comandar o esquema de lavagem de dinheiro que envolve o laboratório. É a partir dessa interpelação que Padilha espera obter munição política para tentar afastar seu nome do esquema comandado por Youssef.O ex-ministro foi citado em uma outra conversa, esta do próprio doleiro. Nela, Youssef insinua ter influência sobre o pré-candidato do PT ao governo paulista. Por causa desse diálogo, Padilha afirmou que também vai interpelar Youssef.Vargas agora responde a um processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Câmara. Pode, com isso, perder o mandato. A admissibilidade do processo foi aceita na semana passada, quando foi aberto um prazo de dez dias para que ele apresente sua defesa. O relator do caso é o deputado Julio Delgado (PSB-MG).Isolado, Vargas não quis responder se pretende reassumir seu cargo na Câmara a fim de fazer pessoalmente sua defesa.

 

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