Anastasia aproxima Minas do Planalto

Tucano demonstra ter mais prestígio junto ao governo petista que seu antecessor

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Por Redação
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 BELO HORIZONTE - Os 100 primeiros dias de governo do tucano Antonio Anastasia em Minas foram marcados por uma similaridade muito grande com seu antecessor, o atual senador Aécio Neves (PSDB). E não é só a legenda. Apesar de ser oposição ao governo federal, o atual chefe do Executivo mineiro vem mantendo uma ótima relação com a presidente Dilma Rousseff (PT), assim como Aécio se relacionou bem com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos mandatos de ambos.

 

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Mas Anastasia esbanja prestígio junto ao governo petista - até mais que seu antecessor. Após assumir o cargo como governador eleito - já havia comandado o Estado como vice de Aécio após a renúncia do colega e padrinho político -, o tucano foi o primeiro governador a ser recebido em Brasília por Dilma, com quem já se encontrou outras três vezes, duas delas em visitas da presidente a Minas.

 

Uma das visitas foi no anúncio da construção de uma usina de amônia da Petrobrás e de um gasoduto do Estado (ligando Minas a São Paulo) em Uberaba, no Triângulo Mineiro, no início de março. A outra visita presidencial ocorreu menos de duas semanas depois, quando Dilma escolheu Belo Horizonte para o lançamento do Rede Cegonha, uma das principais bandeiras de sua campanha. É possível que Dilma volte a Minas no dia 21, quando será homenageada em Ouro Preto pelo governo estadual com a Medalha da Inconfidência.

 

Nesses 100 dias de governo, Anastasia recebeu em audiências oficiais, além da presidente, cinco ministros do governo petista: José Eduardo Cardozo (Justiça), Orlando Silva (Esporte), Fernando Bezerra (Integração Nacional), Ideli Salvatti (Pesca) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). Mas o governador minimiza o prestígio e atribui a atenção a Minas pelo fato de Dilma ter nascido no Estado.

 

"Há dedicação especial da presidente porque é o Estado natal dela", disse Anastasia ao Estado. "E o reconhecimento ao esforço para a qualidade da saúde", emendou, referindo-se à escolha de Minas para o lançamento do programa destinado à saúde de gestantes e crianças.

 

A oposição critica a aproximação do tucano com o governo federal. "O Estado precisa dos recursos da União", observa um dos deputados do bloco de oposição na Assembleia Legislativa, formado por PT, PMDB, PCdoB e PRB. "Manter a aparência de que está tudo bem e funcionando é essencial para o projeto deles (tucanos) de lançar o Aécio (Neves) para presidente."

 

A troca de afagos com o governo federal incomoda a oposição. Já no início da gestão, um o governador alterou a estrutura da administração pública, com a criação de 3 secretarias, 11 subsecretarias e 3 secretarias extraordinárias, além de 1.314 cargos comissionados até 2014. Para a oposição, as medidas aumentam em R$ 3,1 milhões por ano a despesa com pessoal. Cálculo que o governo não admite.

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"O que marca os 100 dias de governo é subjetivo. O que nos caracteriza mais é a fidelidade ao programa de governo nos programas sociais que estamos lançando e a geração de empregos. Vai ser a marca de todo meu governo", afirma Anastasia ao fazer um balanço dos primeiros 100 dias de sua administração.

 

RIOO péssimo desempenho dos alunos da rede estadual e a tragédia das enchentes são os principais tormentos do segundo mandato de Sérgio Cabral (PMDB) no Rio. Na Secretaria de Educação, Cabral trocou uma especialista em tecnologia por um economista e, na defesa civil, encarregou o vice-governador e secretário de Obras, Luiz Fernando Pezão, de coordenar as ações para melhorar o sistema de prevenção de catástrofes.

 

O sinal vermelho nas escolas acendeu em 2010, quando o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) mostrou o Rio em penúltimo lugar no ensino médio. Depois de distribuir laptops aos professores e instalar ar condicionado nas salas, Cabral escolheu o economista Wilson Risolia para cuidar da pasta da Educação e traçou uma meta ousada: chegar entre os cinco primeiros na lista do Ideb até 2014.

 

É um desafio e tanto. Quase um quarto (23%) das 1.457 escolas estão em estado ruim ou péssimo. Um plano emergencial vai aplicar neste ano R$ 260 milhões em reformas.

 

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Na defesa civil, as centenas de mortes em tragédias como a da região serrana explicitaram a falta de mapeamento das áreas de risco do Estado. "Estamos fazendo o levantamento em oito municípios e faremos em mais 24", diz o vice-governador.

 

PERNAMBUCOReeleito com 82,84% dos votos válidos, o governador Eduardo Campos (PSB) iniciou seu segundo mandato preocupado com as perspectivas de um ano "duro" e o anúncio do corte de R$ 50 bilhões no Orçamento federal. Respirou depois de ter a garantia de que nenhum dos projetos de estrutura em andamento no Estado será afetado. Mas firmou meta de reduzir em 40% os gastos com o custeio da máquina no Estado.

 

Nos primeiros meses de governo, ele esteve na Itália, onde consolidou uma parceria com a Universidade de Turim e a Fiat para treinamento de estudantes. A instalação de uma montadora da marca é um dos grandes investimentos anunciados para ao Estado.

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DISTRITO FEDERALÀ sombra do "mensalão do DEM" e do governo-tampão de Rogério Rosso (PMDB), a administração do petista Agnelo Queiroz completa 100 dias com a saúde pública em estado de emergência e as ruas ainda com sinais de abandono. Rosso suspendeu a limpeza das ruas e deixou de recolher o lixo nos últimos dez dias de seu governo. Por isso, assim que assumiu, o petista lançou a Operação Casa Arrumada, que dura até hoje.

 

Agnelo também deflagrou uma campanha publicitária no rádio e na TV, na tentativa de mostrar que o governo agora é outro. E para tentar evitar novos escândalos, o governador assinou um decreto criando regras de transparência para todos os secretários e funcionários públicos.

 

BAHIANa posse do segundo mandato, o governador baiano Jaques Wagner (PT) afirmou que não se deveria esperar grandes mudanças na administração. Mas a esperada calmaria durou pouco. Atropelada por problemas no orçamento e uma sequência de fins de semana violentos em Salvador, com mais de 20 assassinatos cada, o governo precisou mostrar atitude, principalmente na segurança, setor mais criticado na eleição.

 

A saída do delegado da Polícia Federal César Nunes para a entrada de seu colega de PF Maurício Barbosa, anunciada na primeira leva de mudanças de secretários, indicava mudanças no combate ao crime organizado. Nunes era contra a instalação de bases policiais semelhantes às Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) cariocas e Barbosa, a favor.

 

Apesar do corte de R$ 1,1 bilhão no orçamento, em fevereiro, os investimentos em segurança não foram prejudicados. As primeiras Bases Comunitárias de Segurança, versões soteropolitanas das UPPs, previstas para o fim do segundo semestre, foram antecipadas e a primeira, em Calabar, será inaugurada no dia 25.

 

PARANÁOs primeiros 100 dias do governo Beto Richa (PSDB) foram mais de atividades internas do que de anúncio de programas. O governador ainda aguarda dos secretários relatórios sobre a situação financeira, funcional e de obras em cada pasta. Independentemente disso, ele ordenou corte de 15% nos gastos de custeio de toda a administração, para economizar R$ 480 milhões no ano. O anúncio de maior impacto foi o da criação do programa Paraná Competitivo, a nova política fiscal que prevê maior flexibilidade na concessão de benefícios para empresas que pretendem se fixar no Estado. A oposição, porém, aponta "lentidão" no governo. Segundo o deputado estadual Ênio Verri (PT), até agora não foi enviada nenhuma mensagem de Richa à Assembleia.

 

SANTA CATARINAA meta de economizar R$ 1 bilhão nos quatro primeiros meses de mandato para cobrir o déficit de R$ 900 milhões, reflexo do aumento salarial concedido ao funcionalismo no último ano do governo anterior, continua sendo perseguida pelo governador Raimundo Colombo (DEM). Ele acredita que, ao completar 120 dias de governo, a meta será alcançada - nos primeiros 60 dias a economia chegou a pouco mais de R$ 500 milhões. "Já avançamos bastante", afirmou. Colombo prometeu que os investimentos para o Estado serão definidos a partir de maio.

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RIO GRANDE DO SULDemonstrando uma força política que o PT não havia conseguido antes na Assembleia gaúcha, o governador Tarso Genro (PT) aprovou todos os projetos que apresentou e evitou a abertura de uma CPI nos primeiros 100 dias de sua gestão. "Nenhuma das políticas estruturadoras nossas deixou de ser encaminhada; inclusive algumas já estão resolvidas", afirma o governador.

 

É justamente parte daquilo que o governo define como "reorganização da estrutura administrativa" o alvo da oposição. A criação de 5 secretarias e órgãos públicos e de 416 vagas (256 para cargos comissionados), por exemplo, foi considerada uma "incoerência", já que havia críticas para práticas semelhantes em governos anteriores.

 

MARANHÃOO novo governo de Roseana Sarney (PMDB) começou com sinais da continuidade do mandato que ela assumiu em 2009, com a cassação do pedetista Jackson Lago - morto no início da semana. Mas em fevereiro, surgiram sinais de que ela não teria vida fácil. Rebelião em uma delegacia no interior desencadeou uma crise no sistema penitenciário ainda não resolvida. No mesmo mês, ela foi internada às pressas com sangramento na porção final do sistema digestivo e foi submetida a uma cirurgia. O Estado padece com uma dívida estimada em R$ 2 bilhões.

 

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