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ANÁLISE: Magnitude da 2.ª denúncia contra Temer ainda será sentida

Momento político agora é diferente, o que fará com que o presidente dependa de fatores adicionais para convencer os deputados a rejeitarem essa segunda denúncia

Por Marco Antônio Teixeira
Atualização:

Michel Temer não consegue ter sossego para governar desde que assumiu definitivamente o mandato de presidente da República em agosto de 2015. Todavia, nos últimos meses, o infortúnio passou a atingir mais diretamente a figura do presidente da República. Ele acabou, em menos de três meses, sendo submetido a dois julgamentos que colocaram em risco o seu mandato. Em junho, foi absolvido pelo TSE da acusação de abuso econômico de sua chapa com Dilma Rousseff durante as eleições de 2014. Em agosto, a Câmara dos Deputados rejeitou denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por crime de corrupção passiva. 

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Agora, Temer sofre uma nova denúncia feita pela PGR que tem como base duas acusações: 1) a de promover obstrução do trabalho da Justiça. Tal acusação teve origem no conteúdo da gravação de uma conversa de Joesley Batista com Temer. Nela, o executivo da JBS relata interesse em pagar pelo silêncio Lúcio Funaro tido como lobista do PMDB; 2) a de liderar uma organização criminosa composta por integrantes do PMDB em que todos são acusados de praticarem ilícitos em órgãos públicos em troca de propina.

Se para evitar que a primeira denuncia fosse aprovada pela Câmara, Michel Temer fez diversas concessões a parlamentares e a partidos, tendo como estratégia central a liberação de emendas orçamentárias, o momento político agora é diferente, o que fará com que o presidente dependa de fatores adicionais para convencer os deputados a rejeitarem essa segunda denúncia.

O imbróglio que levou à prisão de Joesley Batista e Ricardo Saud enfraqueceu o trabalho de Rodrigo Janot e parece ter despertado um espírito corporativo entre os deputados que pode ser suficiente para rejeitar a denúncia. Entretanto, a magnitude do desdobramento dessa segunda denúncia e os fatos decorrentes dela ainda vão ser sentidos nos próximos dias. Além disso, o comportamento de Geddel Vieira Lima frente ao seu abandono na prisão é algo que poderá dificultar essa nova tentativa de salvação do mandato de Temer. * PROFESSOR DE CIÊNCIA POLÍTICA DA FGV

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