Análise: Condenação de Azeredo é uma mancha para o PSDB

Decisão impede discurso de que o partido passou incólume pelas investigações de corrupção levadas a cabo pela justiça brasileira

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Por Rodrigo Augusto Prando
Atualização:
Ex-deputado federal e ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) Foto: Dida Sampaio/Estadão

O ex-governador de Minas Gerais pelo PSDB Eduardo Azeredo já havia sido condenado, em segunda instância, a 20 anos de prisão. Nesta terça-feira, 24, por um placar de 3 x 2, os desembargadores recusaram seus embargos infringentes, mantendo a condenação por peculato e lavagem de dinheiro. Azeredo, assumiu, de certa forma, uma dimensão simbólica: no campo jurídico e na seara política.

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Juridicamente, os fatos que levaram às condenações ocorreram nos idos de 1998, ou seja, há 20 anos, portanto, fato inexorável de nossa morosidade judicial, por conta de todas as possibilidades – legais, vale ressaltar – de se recorrer a muitas instâncias, mas, sobretudo, especialmente, pela existência do famigerado “foro privilegiado”. As imagens, vistas na televisão, de Azeredo versão 2008 são bem diferentes do envelhecido Azeredo 2018.

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O foro privilegiado, que será objeto de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), constitui-se, para muitos, numa afronta ao princípio da igualdade perante às leis, fundamento basilar da democracia e da república. Desta forma, ainda que tardia, as instituições cumpriram, até o momento, seus papéis e, já se aguarda, sua prisão. No campo político, a versão tucana do mensalão terá, possivelmente, em Azeredo o seu primeiro preso. Simbolicamente, é, para o PSDB, uma mancha, impedindo um discurso de ter passado incólume pelas investigações de corrupção levadas a cabo pela justiça brasileira.

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No entanto, tal condenação não é, simbolicamente, nem de longe o trauma causado pela condenação e prisão de Lula. Azeredo presidiu o PSDB, é certo; mas Lula presidiu e comanda, ainda, o PT, bem como foi presidente da república e ícone das esquerdas, aqui e alhures. Acrescente-se que, politicamente, a prisão de Azeredo desfalca o discurso de petistas que reclamam de “perseguição política e judicial”, mais ainda quando se leva em conta Aécio Neves tornado réu por decisão do STF e as investigações que podem incomodar a candidatura de Alckmin ao Planalto.

Professor e Pesquisador da Universidade Presbiteriana Mackenzie, do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas. É bacharel e licenciado em Ciências Sociais, Mestre e Doutor em Sociologia

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