ANÁLISE: A lógica do impeachment

O processo de impeachment é extremamente complexo. Isso, porém, é fruto de arranjos institucionais que visam a evitar que sua condução e resultado sejam manipulados e capturados por uma maioria de ocasião e argumentos circunstanciais. É nesse contexto que a presidência do Senado passa a ser ocupada, temporariamente, pela presidência do Supremo Tribunal Federal. A partir da fase processual em que há chance real e iminente de uma maioria ampla de senadores decidir pela condenação, a condução do processo passa para a mão de outro tipo de agente político: o representante do ápice do Judiciário.

Por Rubens Glezer
Atualização:

O ministro Ricardo Lewandowski é encarregado de garantir que regras sejam cumpridas e esclarecer dúvidas de procedimento. Além disso, o presidente do STF também tem de decidir sobre questões mais processuais, como a necessidade de paralisar o processo, aceitar ou rejeitar testemunhas e outras questões do gênero. Ao fazer isso, caminha na linha tênue de ser um juiz do processo, mas não do impeachment em si. 

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Mesmo assim, essa presença do STF no Senado não impede que certas questões mais substanciais sejam levadas ao tribunal, que pode, eventualmente, suspender ou reverter etapas do processo. Nesse sentido, o Supremo continua sendo uma via disponível para a defesa.

É no processo de impeachment que o STF exerce como nunca o papel de moderador do conflito entre Poderes; algo cujo valor se reconhece e se testa nos momentos mais difíceis das instituições democráticas.  * PROFESSOR E COORDENADOR DO SUPREMO EM PAUTA DA FGV DIREITO SP

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