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Aliados de Temer negociam Agricultura, Saúde e Previdência com DEM, PP e PRB

Agronegócio pressiona peemedebista para ter um representante do setor na pasta; Partido Republicano Brasileiro teria aberto mão do comando em troca de ministério 'de peso'

Por Igor Gadelha e
Atualização:

BRASÍLIA - Emissários do vice-presidente Michel Temer tentam negociar com o PRB para que o partido flexibilize a exigência de comandar o Ministério da Agricultura para apoiar um eventual governo do peemedebista. Para isso, ofereceram o ministério do Trabalho e da Previdência Social à legenda.

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Apontado como futuro ministro da Secretaria de Governo de Temer, Geddel Vieira Lima teria procurado o presidente do PRB, o advogado Marcos Pereira, nome que o partido pretendia indicar para o cargo. Na conversa, disse que o agronegócio pressiona o peemedebista para ter um representante do setor no comando da pasta.

Geddel ouviu da cúpula do PRB que o partido está disposto a abrir mão da Agricultura, pasta também cobiçada por outros partidos do chamado "centrão", como o PSD. Para isso, no entanto, a sigla exigiu um ministério de peso "em troca", sob a ameaça de ser oposição em um futuro governo Temer.

Aliados de Temer, teriam oferecido, então o Trabalho e Previdência Social, recusado pelo PRB. A sigla teria alegado que a pasta traria desgaste para a sigla, diante da reforma da previdência já planejada por Temer. O partido também já havia recusado o comando do Esportes, pasta que ocupou até desembarcar da base aliada de Dilma.

Atualmente, o ministério do Trabalho e Previdência Social acumula as funções . A junção foi feita na última reforma ministerial do governo Dilma, passando a se denominar ministério do Trabalho e Previdência Social. Não há informação se Temer vai manter as duas pastas juntas ou vai desmembrá-las.

Agricultura. Interlocutores apontam nomes do Democratas ou do PP para assumirem o comando da pasta. O perfil do próximo ministro a ser indicado por um dos dois partidos seria de alguém que "terá de unir e coordenar o setor e dar segurança ao campo e à produção"

DEM e PP podem indicar parlamentares para o ministério, e não apadrinhar algum técnico. Um deles é o senador Ronaldo Caiado (DEM) que sempre esteve na lista de preferidos de Temer para a Agricultura, ou até mesmo para a Saúde, já que é médico. Outros nomes como o dos deputados Onyx Lorenzoni (DEM-RS) ou Carlos Melles (DEM-MG), que já foi ministro do Esporte e Turismo de Fernando Henrique Cardoso, podem ser considerados. Já o PP teria os deputados Jerônimo Goergen (RS) ou até mesmo Ricardo Barros (PR) entre os quadros a serem apresentados ao vice-presidente.

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Lideranças do setor que já estiveram com o vice-presidente pouco falaram com Temer sobre nomes. No entanto, ruralistas não escondem que entre os políticos preferidos do setor está o deputado federal Marcos Montes (PSD-MG), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Mas Gilberto Kassab, que controla o PSD, deve voltar ao governo possivelmente com o mesmo Ministério das Cidades já ocupado no governo de Dilma Rousseff, o que reduziria praticamente a zero a chance de Montes ocupar o cargo.

Saúde. O PP também articula para garantir o comando do Ministério da Saúde. Barros é um dos nomes do partido mais cotados para assumir o posto, mas aliados dizem que ele não tem interesse na vaga por considerar o cargo uma "missão muito complexa" e prefere uma pasta "mais leve".

Barros chegou a ser cotado para a Saúde no início de abril, quando o PP ainda negociava mais espaço no governo Dilma Rousseff em troca de apoio à petista na votação do impeachment. O parlamentar, que foi relator do Orçamento da União de 2016, é considerado pela cúpula do PP um dos quadros "mais preparados" do partido.

Embora reconheça a relevância de assumir um ministério, Ricardo Barros diz que sua prioridade é focar na política estadual, com vistas nas próximas eleições gerais. A mulher dele, Cida Borghetti (PP), é vice-governadora do Paraná e deve assumir o comando do Estado em 2018, quando Beto Richa renunciará ao cargo para disputar o Senado.