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Aécio volta e tenta manter protagonismo

Tucano retorna ao Senado e planeja discurso duro e sem aceno ao ‘diálogo’ proposto por Dilma, mas não vai endossar tese do impeachment

Foto do author Pedro  Venceslau
Por Pedro Venceslau
Atualização:

São Paulo - Depois de uma breve temporada recluso na fazenda de sua família em Cláudio, no interior de Minas Gerais, o senador Aécio Neves, candidato derrotado do PSDB ao Palácio do Planalto e presidente nacional da sigla, desembarca nesta terça-feira, 4, em Brasília com uma agenda preparada sob medida para apresentá-lo como líder e porta-voz da oposição à presidente reeleita Dilma Rousseff (PT). 

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O tucano planeja fazer entre esta terça e a quarta-feira um pronunciamento incisivo no Senado no qual, segundo seus aliados, vai criticar o governo, sem mencionar uma conciliação nacional. Aécio rejeitará, porém, a defesa de um impeachment da presidente reeleita. Este foi o mote de manifestações em capitais brasileiras realizadas no fim de semana passado. 

Na quarta pela manhã, Aécio vai tentar transformar a primeira reunião da direção executiva do PSDB depois da eleição presidencial em uma demonstração de força e unidade partidária em torno de seu nome. 

Após passar período de descanso no sítio de sua família, em Cláudio, tucano participará de reunião com membros do PSDB Foto: Fabio Motta/Estadão

“Será mais que uma reunião, mas um ato político para marcar a volta de um senador que recebeu 51 milhões de votos. Será também a primeira demonstração de que ele encarna a partir de agora o papel de maior líder da oposição nacional”, diz o deputado federal Bruno Araújo, presidente do PSDB pernambucano e membro da direção executiva nacional da legenda.

Além da cúpula partidária, foram convidados para o ato, que acontecerá em um auditório para 300 pessoas no Senado, deputados eleitos e derrotados, governadores e senadores. 

Governador reeleito de São Paulo, Geraldo Alckmin não estará presente. Ele pediu a Aécio que realizasse outro evento no fim de semana, apenas com governadores aliados. 

‘Expressão individual’. Apesar da tentativa de demonstrar unidade e de encher seu retorno de simbolismos, o papel do senador mineiro no cenário nacional é relativizado por setores expressivos do partido. 

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“Esperamos que ele dê resposta ao que se colheu das ruas, mas não dependemos do discurso de apenas um. Precisamos de mais gente na linha de frente da oposição”, diz o senador reeleito Álvaro Dias, do Paraná. 

Para o ex-governador paulista Alberto Goldman, vice-presidente do PSDB, Aécio é o nome “mais expressivo” do partido nacionalmente, mas seu discurso representará uma “expressão individual”. “A fala dele ainda não será resultado de uma avaliação coletiva.”

Em seu retorno, o senador terá de administrar a primeira crise interna da legenda. Setores do PSDB e integrantes da executiva reclamam que não foram ouvidos sobre a decisão da sigla de pedir ao Tribunal Superior Eleitoral uma auditoria do processo eleitoral. Reservadamente, tucanos classificam a iniciativa como um “tiro no pé” que serviu apenas para dar munição aos petistas, que acusam o PSDB de pedir um “3.º turno”. Diante do fato consumado, Aécio deve defender a ideia, mas com a ressalva de que reconhece a derrota. 

Esses mesmos tucanos também rechaçam a proposta de se pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff e criticam as manifestações em defesa da volta da ditadura militar. / COLABOROU RICARDO CHAPOLA

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