Aécio confirma Aloysio Nunes como vice

Escolha pelo parlamentar paulista e ex-ministro de FHC envolve estratégia do PSDB para conquistar votos em São Paulo, maior colégio eleitoral

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Por Erich Decat , Ricardo Brito e Debora Bergamasco
Atualização:
Aécio Neves apresenta o senador tucano Aloysio Nunes como vice na chapa do PSDB Foto: André Dusek/Estadão

Atualizado às 22h36

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Brasília - Sem obter mais adesões de partidos da base aliada da presidente Dilma Rousseff, como esperava, o candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, Aécio Neves, anunciou nesta segunda-feira, 30, oficialmente o nome de seu colega de Senado, Aloysio Nunes Ferreira, como vice de sua chapa. Ao escolher um tucano paulista como parceiro, Aécio tenta “amarrar” o partido no principal colégio eleitoral do País.

Ex-líder estudantil, ex-guerrilheiro, ex-secretário de Estado, ex-vice-governador e ex-ministro do governo Fernando Henrique, Aloysio, de 69 anos, criou uma boa relação com prefeitos paulistas quando comandou a Casa Civil do governo José Serra, entre 2007 e 2010. Essa capilaridade no interior será importante para Aécio, já que o governador Geraldo Alckmin, segundo os próprios tucanos, estará mais concentrado em seu projeto reeleitoral do que no projeto nacional. 

A escolha de Aloysio também ocorre após Aécio dinamitar a aliança que Alckmin queria formar em sua chapa majoritária. Ao trabalhar para que São Paulo tivesse um candidato ao Senado do PSDB – a fim de martelar sua marca –, o senador mineiro acabou afastando do governador o PSD de Gilberto Kassab, que agora apoia o principal rival tucano no Estado, Paulo Skaf (PMDB).

A intenção de Aécio era evitar que, além de ter um vice do PSB do concorrente Eduardo Campos, Alckmin também tivesse um candidato ao Senado de um partido ligado a Dilma, como é o PSD.

Segundo os aliados de Aécio, Aloysio também poderá evitar resistências por parte de Serra em relação à campanha presidencial – aliados lembram até hoje do pouco empenho de Aécio em Minas quando Serra disputou o Planalto, em 2002 e 2010.

Além disso, os tucanos citam o capital eleitoral de Aloysio, que teve 11 milhões de votos em 2010 na campanha ao Senado. Ele foi o senador mais votado da história. “Aloysio é maior que o PSDB, eleitoral e politicamente”, disse Aécio, neto de Tancredo Neves, em reunião da direção do partido nesta manhã em Brasília. 

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‘Suguem’. Aloysio já vinha sendo cogitado há mais de um ano para o posto, mas só foi confirmado quando Aécio viu descartadas todas as possibilidades de novas adesões. Há dez dias, o tucano obteve o apoio do governista PTB, que não exigiu vaga de vice. Aécio sonhava com uma nova defecção. Mirou o PSD, de olhos no ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles como vice, e no PR. Tudo para aumentar o tempo de TV – os petistas têm ampla vantagem no palanque eletrônico.

Chegou a declarar publicamente, em referência à relação dos aliados com Dilma: “Suguem mais um pouquinho depois venham para o nosso lado”.

Indagado sobre as tentativas frustradas de conquistar o PSD para sua chapa, Aécio refutou a versão com ironia. “Jamais buscamos qualquer aliança que negociasse posto na minha chapa. Ao contrário. Durante muito tempo foram manifestações explícitas de outros partidos que mostraram disposição e vontade pessoal de participar de nossa chapa. Mas alguns partidos optaram por sair em outros campos políticos”, afirmou. 

Elogiado por sua capacidade de “sedução política”, Aécio fez questão de afagar Serra na segunda, homenageando-o no evento: “Serra talvez seja hoje um dos interlocutores mais próximos que tenho. Recebi hoje cedo seu telefonema para parabenizar pela escolha e até agora falei ao menos quatro vezes com ele (até o início da tarde de segunda). Serra terá uma participação extremamente importante na campanha. Tenho recebido sugestões de abordagens, temas, análises conjunturais. O PSDB está mais unido do que nunca.” 

‘Natural’. Aécio afirmou também que o nome de Aloysio foi fruto de uma “convergência natural”, com o endosso de quadros centrais do partido, como FHC e Alckmin, além do apoio de aliados como Paulinho da Força, do Solidariedade. 

O tradicional aliado DEM ficou sem vaga na chapa – eles foram vice dos tucanos das últimas três eleições presidenciais –, mas ficaram com a coordenação-geral da campanha, cargo que será ocupado pelo presidente do partido, senador José Agripino (RN).

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