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Acusado de receber dinheiro de doleiro está fora do País

Por Angela Lacerda
Atualização:

E-mails interceptados pela Polícia Federal na Operação Lava Jato indicam que o ex-presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) Clementino de Souza Coelho, irmão do ex-ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra Coelho, pediu ao doleiro Alberto Youssef que fizesse depósitos em contas de pelo menos dois familiares.O teor das mensagens foi revelado nesta quarta-feira pelo jornal Folha de S.Paulo. Os e-mails trocados entre Clementino e Youssef, preso desde o mês passado sob suspeita de comandar um esquema bilionário de lavagem de dinheiro, contêm comprovantes de depósitos feitos na conta de João Clementino de Souza Coelho e pedidos de dinheiro em nome de Maria Cristina Navarro de Brito, respectivamente filho e mulher do ex-presidente da Codevasf. Um terceiro destinatário do dinheiro foi identificado como Fábio Leivas pela PF, sem mais detalhes. As mensagens foram trocadas entre o fim de janeiro e o início de fevereiro de 2014.Clementino deixou o comando da Codevasf em janeiro de 2012, após o jornal O Estado de S. Paulo revelar que ele e o irmão aproveitaram uma brecha legal para desrespeitar durante um ano um decreto presidencial de 2010 que proíbe o nepotismo na administração.Bezerra divulgou hoje nota na qual afirma que a nomeação do presidente da Codevasf é "atribuição da Presidência da República" e que Clementino só ficou um ano como interino no cargo em função da "demora" do Palácio do Planalto em fazer a escolha definitiva para o posto. O ex-ministro foi titular da Integração Nacional de janeiro de 2011 a setembro de 2013, quando o PSB do pré-candidato a presidente Eduardo Campos rompeu com o governo Dilma Rousseff.Bezerra não comentou na nota o pedido de dinheiro que seu irmão teria feito ao doleiro preso na Lava Jato. Clementino está fora do Brasil, em viagem com a família. Contratado pelo ex-presidente da Codevasf, o advogado Pierpaolo Bottini disse que só vai se pronunciar depois de ter acesso aos autos do processo.

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