Em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto na disputa pelo governo paulista, com 21%, o empresário Paulo Skaf, de 58 anos, presidente licenciado da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), será oficialmente lançado hoje como candidato do PMDB com a crença de que chegou ao fim a polarização entre PT e PSDB no Estado. A confiança se escora nos números: no mais recente levantamento do Datafolha, publicado no dia 7, o ex-ministro Alexandre Padilha (PT) tem 3% e o governador Geraldo Alckmin, 43%.
Skaf não aceita que o comparem ao ex-deputado Celso Russomanno (PRB), que liderou as pesquisas nas eleições municipais de 2012 e acabou fora do segundo turno, atrás de PT e PSDB. "O cenário de hoje é muito diferente. O tempo de TV está mais equilibrado", disse Skaf, que disputou o governo pelo PSB em 2010 e ficou em quarto lugar, com 4,5%.
O sr. acha que a crise de abastecimento de água vai prejudicar Geraldo Alckmin?
O índice dele nas pesquisas é muito bom, mas houve uma queda. Há alguns meses ele tinha dez pontos a mais do que no último Datafolha. O fato é que ele é conhecido por 100% das pessoas, enquanto o nosso grau de conhecimento está abaixo de 40%. Mas uma coisa ficou clara: não há mais aquela polarização que vinha ocorrendo há 20 anos em São Paulo. Há uma nova polarização no Estado, e ela se dá entre o PMDB e o PSDB. Isso é nítido. É o fato novo neste momento.
Em 2012, Russomanno também aparecia bem colocado nas pesquisas. Na época se falava no fim da polarização PT-PSDB...
O cenário de hoje é muito diferente. Depois das manifestações de junho de 2013, a sociedade quer de fato uma renovação. Além disso, o tempo de TV está mais equilibrado em relação a 2012.
O desempenho ruim de Alexandre Padilha na última pesquisa foi uma surpresa?
Não estou preocupado com isso. Acho bom que haja outros candidatos. Faz 20 anos que São Paulo é governada pelas mesmas pessoas. Ouvi centenas de vezes as pessoas dizendo que votariam em um candidato por não gostar do outro.
Qual foi o papel da Fiesp na construção de sua candidatura?
Até 2010 não me viam como político, mas como liderança empresarial. Só naquele ano me filiei a um partido e começaram a me ver como político.
O senhor, que já foi do PSB, foi socialista por um tempo?
O socialismo do século 21 é dar oportunidade às pessoas. Estamos em 2014. Não há mais guerra entre classes sociais. Entrei e saí do PSB pela porta da frente.
O senhor foi criticado por ter protagonizado as propagandas da Fiesp na TV...
Houve uma representação que já foi julgada pelo TSE. Ela não existe mais. Foram 5 votos a 1. Isso é uma pagina virada.
Mas o sr. reconhece que a exposição foi determinante para seu desempenho nas pesquisas?
Eu não reconheço. Como explicar o crescimento do final do ano para cá se eu estava fora da mídia? Há dez anos eu presido a Fiesp, o Sesi e o Senai. Procure juntar mídia espontânea por força da função neste período. Some isso à campanha de 2010 e vai encontrar um volume muito grande de visibilidade. Este é um assunto já julgado. Essas acusações são um absurdo.
Em eventual 2º turno, o sr. conta com o apoio do Padilha?
Vamos por etapas. Estamos coligados com o PROS e o PDT, mas não negociamos cargos e espaços com eles. Nosso tempo de TV já passa de 4 minutos, um tempo muito bom. Mas nas conversas sobre coligação a gestão do governo não está na pauta. Não vamos acertar cargos e espaços.
O sr. pediu que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula subam no seu palanque?
Não pedi nada. Não posso pedir isso a um partido que em São Paulo é meu adversário.
Isso quer dizer que Padilha não será poupado pelo senhor durante a campanha eleitoral?
Não sei o que você chama de poupar. Não vou fazer agressões injustas ou falsas. Vou respeitar todos os candidatos.
Chegou a convidar o ex-prefeito Gilberto Kassab para vice?
Nunca convidei. Houve conversas, mas em nenhum momento isso foi ventilado: nem Senado nem vice.
Ficou surpreso com a aproximação dele com o Alckmin?
Nesse momento de negociações nada é surpreendente. Mas isso não é problema meu.