A favor do impeachment, deputada Clarissa Garotinho se licencia do cargo

Grávida de 35 semanas, a parlamentar apresentou atestado médico com pedido de licença maternidade a contar do último 12; Anthony Garotinho, pai da deputada, nega que afastamento tenha sido negociado com o governo Dilma

Por Clarissa Thomé
Atualização:

RIO - A deputada federal Clarissa Garotinho (PR-RJ), que defende o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT) e já havia declarado voto pelo impeachment, licenciou-se do cargo por 120 dias. Grávida de 35 semanas, apresentou atestado médico com pedido de licença maternidade a contar do último 12. Na prática, a decisão favorece o governo, já que o período de ausência por quatro meses não abre vaga para o suplente, que seria um parlamentar do DEM.

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O ex-governador Anthony Garotinho, pai da deputada, negou que a licença tenha sido negociada com o governo da presidente Dilma Rousseff. Desafeto do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Garotinho esteve na última quarta-feira, 13, no Palácio do Planalto. O PR cobiça o Ministério dos Transportes, mas a bancada está rachada.

Segundo Garotinho, Clarissa tem risco de parto prematuro e teria sido proibida por médicos de viajar de avião. Ele lembrou que a filha sentiu-se mal na semana passada, depois de viajar contrariando ordens médicas, e “foi parar no Departamento Médico da Câmara”.

“Querer insinuar que Clarissa está fugindo da votação do impeachment ou que teria negociado sua ausência em troca de benefícios para Campos (cidade do Norte fluminense, reduto eleitoral da família Garotinho) é uma desonestidade, até porque ela já se posicionou publicamente favorável ao impedimento da presidente”, afirmou o ex-governador em seu blog. “Alguém que seja responsável colocaria a vida de seu filho que vai nascer em risco, desobedecendo a uma ordem médica, que diz taxativamente que ‘a paciente está com ameaça de parto prematuro’?”

Garotinho tem defendido eleições gerais com o argumento de que “PT e PMDB formaram o consórcio que levou o Brasil à situação trágica do ponto de vista moral, ético e econômico em que se encontra hoje”. Ainda no blog, Garotinho negou que tenha se reunido com deputados petistas em Brasília para tratar da votação do próximo domingo, 17, na Câmara. Ele disse que teve um encontro casual com os deputados Paulo Ferreira, Afonso Florence e Henrique Fontana.

Os deputados federais Pedro Paulo Carvalho e Marco Antonio Cabral, ambos do PMDB fluminense, reassumiram os mandatos para votar no domingo. Marco Antonio, filho do ex-governador Sergio Cabral, exonerou-se da Secretaria Estadual de Esportes e votará pelo impeachment, segundo sua assessoria. Pedro Paulo deixou o cargo de secretário executivo de Coordenação de Governo do prefeito Eduardo Paes. Sua assessoria informou que ele não declarou o voto.

Tanto Cabral quanto Paes foram aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma. O PMDB do Rio foi a principal base de apoio do governo até o mês passado. Na segunda-feira passada, o vice-presidente Michel Temer teve encontro de uma hora com o presidente do PMDB-RJ e da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani. Na reunião, Picciani confirmou que a bancada do partido no Rio votará pelo impedimento de Dilma.

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