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À espera da clássica divisão do PMDB

Tanto Aécio como Dilma apostam no recorrente racha do partido para obterem e consolidarem o comando do Congresso em 2015

Por Ricardo Brito e Ricardo Della Coletta
Atualização:

BRASÍLIA - Os candidatos à Presidência Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) apostam numa situação recorrente na política para conseguirem controlar o Congresso a partir de 2015: a clássica divisão do PMDB. Se Dilma for reeleita, a ideia é entregar a presidência do Senado para o PMDB "petista", com Renan Calheiros no comando. Isso se ele não se inviabilizar com os resultados da Operação Lava Jato, pois é citado nos depoimentos que o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa fez para a Polícia Federal. Renan nega qualquer participação. Em caso de reeleição de Dilma e de "abatimento'' de Renan, o "plano B'' do PMDB traz uma lista de nomes: Garibaldi Alves Filho (RN), afastado do Senado por ter se tornado ministro da Previdência; os líderes do partido na Casa, Eunício Oliveira (CE), e do governo no Senado, Eduardo Braga (AM), em caso de não saírem vitoriosos nas disputas aos respectivos governos estaduais; o vice-presidente da legenda, Valdir Raupp (RO). A entrega do Senado ao PMDB seria a condicionante para que o PT presida a Câmara, impedindo que o cargo fique com o líder da bancada, Eduardo Cunha (PMDB), considerado inconfiável pelo partido. A ordem será lançar um nome forte e apostar no cacife político que a reeleição daria a Dilma para conquistar o controle da Mesa Diretora. Entre os petistas, os nomes mais cotados são os de dois deputados que já chefiaram a Câmara: Arlindo Chinaglia (SP) e Marco Maia (RS). Ambos são tidos como mais pragmáticos e têm bom trânsito entre bancadas de outras legendas, inclusive da oposição. "A regra é que a maior bancada elege o presidente. O PT tem o direito de reivindicar a presidência'', disse Maia ao Estado. Assim, o PT pretende romper com o PMDB o acordo de revezamento na presidência da Casa que vigora desde 2007. Integrantes do partido alegam que é justamente o fato de o PMDB estar fragmentado entre PT e PSDB neste 2.º turno que reforça a necessidade de um petista presidir a Câmara. Cunha também não é o preferido da maioria dos tucanos para presidir a Casa em caso de vitória de Aécio. Consideram-no independente demais. Mas confirmam que, se ele se viabilizar, haverá apoio do PSDB a ele, que nos últimos dias vem dando sinais de possível composição com o tucano se ele vencer. O plano inicial, porém, é trabalhar um nome dentro do arco de alianças que apoiam Aécio neste 2.º turno, como o PSB. Nesse sentido, o deputado Júlio Delgado, presidente do PSB de Minas Gerais, despontaria como um possível nome.Estratégia. É por isso que a formação de blocos parlamentares é fundamental para os tucanos. Embora tenha crescido, o PSDB elegeu apenas a terceira maior bancada da Câmara e teria seu principal adversário, o PT, fazendo oposição frontal ao governo. Por ter eleito 70 deputados, o maior número entre todas as siglas, o PT pode reivindicar postos-chave para o funcionamento da Casa além da presidência, como a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), responsável por definir quais matérias podem ou não tramitar. "A CCJ é imprescindível para que as reformas que defendemos ocorram'', argumenta o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT). No Senado, é certo que Aécio vai apostar na ala "independente" do PMDB, como Luiz Henrique da Silveira (SC). Ex-presidente do partido, governador do Estado por dois mandatos e deputado por quatro, é visto como nome novo em relação aos peemedebistas que foram ou são identificados com o governo Dilma. Vice-presidente do PSDB, o senador Álvaro Dias (PR) lembra que por tradição o maior partido costuma indicar o candidato a presidente, em comum acordo com o presidente da República e numa chapa pluripartidária. Mas rejeita Renan. "Se o nome escolhido representar pelo PMDB possibilidade de recuperação do conceito de credibilidade da instituição, é óbvio que haverá boa vontade para apoiar a indicação. Se não houver, o cenário muda.'' Ele acha que o PSDB não terá chances de disputar a presidência. "Somos numericamente inferiores." / COLABOROU JOÃO DOMINGOS

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