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Vantagens e riscos de remar contra a corrente

Por ANÁLISE: José Álvaro Moisés e professor de ciência política da USP
Atualização:

O governador e presidenciável Eduardo Campos decidiu adotar a estratégia de remar contra a corrente. É a única maneira de ele se transformar, de fato, em alternativa eleitoral viável. A outra, representada pelo PSDB, parece tão dócil em relação ao governo que muita gente não identifica nela, nem ainda em Aécio Neves uma clara alternativa de oposição. Campos busca ocupar um espaço relativamente vazio, quase frouxo. Daí a estratégia mais dura, de dar nome a quem lhe parece ser a principal responsável pela crise que assola o País, ou seja, Dilma Rousseff. Quer transformar essa nova posição no capital político capaz de mudar os rumos do país. Isso tem um lado claramente positivo, pois a política é inovação, inventividade. Candidatos que se dizem de oposição mas mantêm sempre o mesmo tom passam a impressão de que nada é para mudar de fato. Campos, ao contrário, quer sinalizar em outra direção. Corre alguns riscos, claro. Primeiro o de disputar espaço com Aécio. Mas os dois enfrentam o desafio de se qualificar como alternativa capaz de levar o País ao segundo turno. Se não o fizerem, Dilma ganha no primeiro, por inércia e por usufruir dos enormes benefícios de estar no poder. Poderá ainda desagradar a Lula, de quem é próximo, mas Campos só vai brigar com ele se o ex-presidente aguçar o conflito. O tempo todo elogia o ex-presidente e seu governo, sugerindo que apenas os últimos quatro anos quebraram as virtudes do passado recente.Vista à distancia, não é Campos que está comprando a briga, pois foi o PT que, tempos atrás, iniciou a agressão, retirando-lhe espaço e falando em oportunismo. Lula não veio a público desmentir os ataques e Campos, agora, dá a resposta que entende adequada. Se isso vai transformá-lo em uma alternativa solida e consistente, é difícil dizer. Mas o novo rumo de sua política é ousado e inovador.

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