Atualizado às 21h59- São Paulo - O senador Aécio Neves (MG), candidato à Presidência pelo PSDB, disse nesta quarta-feira, 16, que um eventual governo tucano não submeterá o programa Mais Médicos do governo federal às regras impostas por Cuba, país que mais “exporta” profissionais para a iniciativa.
“Temos que rever esse acordo. Por que nós é que temos que concordar com o governo cubano?”, perguntou o tucano durante sabatina organizada pelo jornal Folha de S.Paulo, pelo portal UOL, pelo SBT e pela rádio Jovem Pan. “Nós vamos manter o Mais Médicos, vamos fazer com que eles se qualifiquem e estabelecer novas regras para os médicos. Mas não vamos aceitar as regras do governo cubano”, disse o senador.
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O candidato não explicou, porém, como manteria o programa no caso de rompimento da parceria com Cuba. São do país socialista 11mil dos 14 mil profissionais que atuam no Brasil. O contrato deles é diferenciado em relação aos profissionais de outras nacionalidades.
Para os médicos cubanos são repassados apenas US$ 1.245 – cerca de R$ 2.800 do salário de R$ 10 mil pago pelo programa federal. O restante do vencimento fica com o governo cubano.
Em outras ocasiões, Aécio já havia feito críticas ao formato do Mais Médicos – que é considerado pelo PT uma das vitrines da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff – e sinalizado que promoveria mudanças. As declarações desta quarta, contudo, foram as mais enfáticas até agora.
Aliados do tucano argumentam que o modelo atual tem um forte viés ideológico e que existe no mercado internacional e nacional oferta suficiente para suprir os médicos cubanos caso o governo do presidente Raúl Castro decida romper o acordo e convocar seus profissionais de volta.
A avaliação do estafe aecista com base em pesquisas internas é que o Mais Médicos é uma “ferramenta de marketing” que foi bem utilizada pelo PT. Como o programa federal é bem avaliado, a decisão foi defender sua manutenção, com ressalvas.
‘Solução testada’. A avaliação entre os petistas é que Aécio está blefando ao dizer que manteria o programa, mas revisaria os contratos. “Na prática, mais uma vez, o candidato do PSDB não conseguiu esconder que quer acabar com o atendimento a 50 milhões de brasileiros, incluindo 7 milhões de paulistas, que antes não tinham médicos e que, graças ao programa Mais Médicos, passaram a ter atendimento básico perto de casa”, disse o ex-ministro da Saúde e candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha.
O programa foi lançado durante a gestão do petista no ministério. “Agora que temos uma solução testada e aprovada por milhões de brasileiros, eles querem mudar a proposta para inviabilizar o programa. Além disso, o Mais Médicos é lei. Ele nasceu de uma demanda de prefeitos de todos os partidos, inclusive do PSDB.”
O deputado federal e médico de formação Cândido Vaccarezza (PT) reforçou a crítica do partido à declaração de Aécio. “Se ele romper o contrato que existe hoje (com o governo cubano), o programa acaba”, afirmou.