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'TV municipal' de Haddad é alvo de críticas

Adversários do petista, Doria e Russomanno, que trabalham com comunicação, atacam criação de um canal público previsto em plano do PT

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Por Valmar Hupsel Filho e Ricardo Galhardo
Atualização:

A proposta do prefeito e candidato à reeleição na disputa em São Paulo, Fernando Haddad (PT), de criar um Conselho Municipal de Comunicação e instituir uma TV e uma rádio municipais foi criticada nesta quarta-feira, 17, por dois de seus principais concorrentes, o deputado Celso Russomanno (PRB) e o empresário João Doria (PSDB), ambos profissionais da área. A ideia, por outro lado, é vista com entusiasmo pela candidata Luiza Erundina (PSOL), que administrou a cidade entre os anos de 1989 e 1993 pelo PT. 

O prefeito Fernando Haddad (PT) participa de encontro com empresários na Associação Paulista de Supermercados (APAS) Foto: Fernando Cavacanti/Divulgação

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A ideia figura no Plano de Governo apresentado pelo candidato petista à Justiça Eleitoral no ato do registro de sua candidatura, no último dia 8. O documento de 36 páginas relaciona as realizações da gestão Haddad nos últimos quatro anos e as diretrizes e as metas do petista para o período de 2017 a 2020, caso seja reeleito. 

No capítulo intitulado “Por uma alternativa de comunicação”, o texto critica a concentração dos meios de comunicação e afirma que “a configuração atual da mídia no Brasil também aponta para uma ameaça à liberdade de expressão”. 

O prefeito pretende, de acordo com a proposta, fomentar a cultura digital e incentivar a comunicação comunitária e a pluralidade de opiniões dentro de uma política pública integrada. Para isso, o petista quer criar o Conselho Municipal de Comunicação e Implantação de TV e Rádios Públicas. 

Ao participar nesta quarta-feira de uma plenária no bairro Jardim Bancários, na zona leste da capital, Haddad afirmou que a ideia está prevista desde o lançamento do sinal digital em São Paulo, em 2007. “A intenção é usar um canal para que a cidade e os municípios se apoderem para fazer, por exemplo, campanhas educativas”, disse. 

Despesas. Doria e Russomanno, no entanto, consideraram a proposta de Haddad “inoportuna”, pela criação de mais despesas no momento em que a Prefeitura passa por aperto em seus cofres, e ineficiente em seu propósito de “democratizar” informação. “Não é preciso isso para garantir educação de gênero e promoção de direitos humanos”, disse Doria, que cumpriu agenda de campanha ontem em visita ao Congresso Nacional de Recursos Humanos e Gestão, na zona sul da capital.

Para o tucano, criar uma TV e uma rádio públicas, neste momento, “soa até como uma brincadeira”. “Não posso acreditar como uma pessoa como o prefeito Fernando Haddad possa defender uma ideia como essa numa situação atual, onde a Prefeitura tem que economizar recursos e otimizar ações, e não criar empresas públicas.” 

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Doria, que é dono de empresas de comunicação, citou como exemplo malsucedido a criação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). “O governo Lula criou uma estatal de comunicação que consumiu uma fortuna de dinheiro e não se produziu nada. A EBC só produziu despesa e emprego para partidários do PT e apadrinhados”, criticou o candidato tucano. 

‘TV Cultura’. Russomanno, que é apresentador de TV, disse que a Prefeitura tem outras opções para investir na democratização da informação. “Acho desnecessário investir alto em algo que pode não dar retorno”, disse ele, que visitou nesta quarta-feira uma feira no Capão Redondo e a abertura de um salão internacional de motopeças. O candidato do PRB citou como exemplo a TV Cultura, ligada ao governo estadual, que, segundo ele, “só dá prejuízo”. Para ele, a democratização da comunicação passa primeiramente pela transmissão de dados. 

Erundina não teve agenda pública nesta quarta-feira. Por meio de sua assessoria, disse que sempre defendeu o Conselho Nacional de Comunicação e pretende implementar “mecanismos de controle social e veículos de TV e rádio que transmitam temas pertinentes aos cidadãos, respeitando e valorizando sua diversidade”. Marta Suplicy (PMDB) também não teve agenda pública e não quis se manifestar sobre o assunto. 

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