PUBLICIDADE

Suplicy propõe trabalho para menor infrator

Reação no PT sobre maior tempo de internação faz senador rever projeto de endurecimento de pena

Por Elizabeth Lopes e Valmar Hupsel Filho
Atualização:

O senador Eduardo Suplicy (PT) adotou novo discurso para defender proposta de sua autoria que prevê aumento do tempo de internação, hoje limitado a três anos, para adolescentes infratores. Nesta segunda-feira, ao participar da série Entrevistas Estadão, o petista focou sua defesa na adoção de penas alternativas a menores reincidentes ou autores de crimes graves. Suplicy é o primeiro candidato ao Senado por São Paulo a participar da série do Estadão. Nesta quarta-feira será a vez de Gilberto Kassab (PSD). José Serra (PSDB) foi convidado mas não confirmou presença. Suplicy, que está há três mandatos no cargo, resolveu amenizar o discurso após a repercussão negativa que sua proposta teve ao ser apresentada na semana passada a colegas de partido. O PT é historicamente defensor de outras formas de reinserção social que não seja a internação. 

Na segunda, ao falar do projeto, Suplicy preferiu frisar a adoção cada vez maior das penas alternativas. "Temos de acreditar mais nas medidas socioeducativas para recuperação dos menores que tenham cometido crimes e, caso exista a necessidade de punição, que utilizemos cada vez mais as chamadas penas alternativas." 

Suplicy. Candidato do PT pretende prolongar internação em unidades educacionais de adolescentes violentos e reincidentes Foto: Rafael Belzunces/Frame

O senador ressalvou que a Fundação Casa, instituição para menores infratores em São Paulo, não vem cumprindo a sua função. Numa crítica à gestão do governador e candidato à reeleição, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que a instituição "precisa ter atividades socioeducativas". Segundo ele, o adolescente pode até sair do ambiente da fundação "desde que esteja utilizando alguma medida de compensação por aquilo que cometeu". O petista reafirmou ainda sua posição contrária à diminuição da maioridade penal em caso de crimes hediondos, defendida pelo senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), vice na chapa presidencial do tucano Aécio Neves. "Esta é uma cláusula pétrea da Constituição", afirmou. Sobre a descriminalização do aborto, o senador considera o assunto polêmico por envolver vários credos. "Acho que é uma decisão pessoal da mãe. É um tema extremamente delicado e acho que devemos estar sempre debatendo. Neste debate precisa ter a voz das mães, mas também a voz da Igreja Católica, das afrodescendentes e das denominações evangélicas."  Suplicy defendeu que candidatos a cargos eletivo publiquem em tempo real suas contas na internet, a exemplo do que ele está fazendo. Indagado sobre dificuldades financeiras das candidaturas petistas em São Paulo, o senador disse que colocou recursos próprios na campanha e pretende organizar jantares de adesão para arrecadar fundos. O petista também citou sua principal bandeira nestes 24 anos de mandatos consecutivos no Senado, o projeto de renda básica de cidadania, para cobrar resposta da presidente Dilma Rousseff. "É muito importante que se coloque em prática aquilo que já é lei, aprovada por todos os partidos no Congresso Nacional", disse o petista, lembrando que encaminhou à presidente uma carta assinada pelos 81 senadores, "inclusive o Aécio". Suplicy falou ainda sobre propaganda paga em sua página no Facebook, o que é vetado pela legislação eleitoral. Segundo Suplicy, "uma entusiasta da sua campanha" pagou cerca de R$ 200 para impulsionar a foto em que ele aparece carregando Padilha nos ombros. "A própria Justiça Eleitoral entendeu que foi um ato involuntário", disse. A foto foi retirada do ar após a denúncia.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.