Atualizada às 01h48
Vitorioso no primeiro turno da disputa pelo governo de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) confirmou nas urnas a manutenção da força política de Eduardo Campos no Estado. Com 68% dos votos, obteve mais que o dobro do principal adversário, Armando Monteiro (PTB), que, mesmo apoiado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela presidente Dilma Rousseff, conseguiu 31%.
A chamada Frente Popular também impôs uma derrota ao PT local na briga por uma cadeira ao Senado, uma vez que o ex-ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra Coelho (PSB) surpreendeu na reta final e, com 64,3 % dos votos, conquistou a vaga. Derrotou o ex-prefeito de Recife, João Paulo (PT), que amealhou 34,8% dos votos. Além do novo senador, o PSB de Pernambuco deve contar com uma bancada de 7 deputados federais.
A força tirada das urnas deve ter peso nas decisões dos rumos do partido no âmbito nacional, uma vez que o PSB de Pernambuco manterá acumulados o governo do Estado com a prefeitura da capital, ocupada por Geraldo Júlio (PSB). Campos presidia o partido quando morreu. O primeiro lance nesse sentido já foi dado no domingo, 5, à noite: o governador do Estado, João Lyra (PSB), divulgou nota em apoio a Aécio Neves (PSDB).
O interesse maior, contudo, está na manifestação de voto da família de Campos e dos seus herdeiros políticos: Geraldo Júlio, prefeito do Recife, e Paulo Câmara, eleito no domingo. Isso porque Lyra se filiou ao PSB apenas em outubro do ano passado, com o objetivo de se tornar o candidato de Campos ao governo – mas acabou preterido.
Há a possibilidade, porém, de o diretório apoiar o tucano de fato. Campos e Aécio vinham ensaiando desde o início da campanha um pacto de não agressão e uma eventual união num eventual segundo turno contra Dilma Rousseff.
Câmara afirmou na noite de domingo que o PSB de Pernambuco não fugirá de tomar uma decisão sobre a questão presidencial. “Temos responsabilidade como partido político de nos posicionar. Vamos nos reunir amanhã (hoje), no mais tardar, com a direção local e vamos tirar a posição de Pernambuco que será apresentada ao PSB Nacional, para que juntos a gente decida o que é melhor para o Brasil”, afirmou.
Os pernambucanos buscam com isso já se posicionar – e ganhar força – na disputa interna do partido contra o atual presidente, Roberto Amaral, mais próximo ao PT. Há uma eleição da nova Executiva e do novo presidente do partido no próximo dia 13. “Temos a prefeitura da capital, Recife, agora o governo estadual e uma bancada grande de federais que pode ser a maior do partido. Por isso, Pernambuco quer essa posição de relevância, pela história e compromisso que tem dentro do partido. Mas faremos isso sem arestas”, disse o prefeito Geraldo Júlio.