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Senador do PP diz que renuncia se for comprovado elo com doleiro e ex-diretor

Após o 'Estado' revelar que Youssef pagou passagens aéreas a assessor, Ciro Nogueira nega relação de amizade ou financeira com suspeitos e afirma que demitiu funcionário

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Por Lilian Venturini
Atualização:

São Paulo - O senador Ciro Nogueira (PP-PI) afirmou que renuncia ao cargo se ficar comprovada qualquer vinculação entre ele e o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, ambos presos pela Polícia Federal durante a Operação Lava Jato por suspeitas de envolvimento com esquema de lavagem de dinheiro. Em entrevista à Rádio Estadão nesta terça-feira, 9, Ciro Nogueira disse não conhecer o doleiro e que apenas se encontrou com Paulo Roberto em audiências públicas para tratar de investimentos da estatal em seu Estado.

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"Me comprometo a renunciar ao mandato de senador se houver alguma vinculação financeira, alguma vinculação que possa ter desvio de ética, de conduta da minha pessoa, com essas pessoas", afirmou o senador. Ciro Nogueira foi um dos citados pelo ex-diretor em seu depoimento à Justiça pelo acordo de delação premiada. De acordo com reportagem da revista Veja, outros 11 nomes foram vinculados ao suposto esquema de pagamento de propinas na Petrobrás.

Em nota encaminhada à imprensa nesta manhã, o senador reiterou sua intenção de renunciar ao mandato e negou as suspeitas de envolvimento com o esquema de corrupção. "Não há nada de verdadeiro em alegações que me coloquem como partícipe de qualquer comportamento censurável no que concerne a Petrobrás ou seus ex-diretores", diz a nota.

Nesta terça também o Estado revelou que Alberto Youssef pagou passagens aéreas de assessores de Ciro Nogueira e Cícero Lucena (PSDB-PB). Mauro Conde Soares trabalha com Ciro desde o início do seu mandato. O senador afirmou não ter a "menor participação" ou conhecimento do caso e informou ter afastado o funcionário do cargo.

À Rádio Estadão, Ciro Nogueira disse ainda que não conhece o doleiro, mas admitiu ter participado de encontros com Paulo Roberto Costa no período em que ele era diretor de Abastecimento da estatal. A indicação do ex-diretor ao cargo foi defendida pelo partido do senador.

"Estive realmente com Paulo Roberto, como todas as grandes autoridades do País, tratando de situações do meu Estado, no que diz respeito a construção de gasoduto, ao porto do Estado, à indústria sucroalcooleira...", afirmou. Segundo o parlamentar, os encontros com o ex-diretor foram audiências públicas e negou vinculação "financeira" ou de amizade com ele ou Youssef. "Tínhamos ele [Paulo Roberto Costa] como homem público competente. Não sabíamos dessas coisas que estão hoje na imprensa. Em todas as reuniões eram solicitações de investimento da Petrobrás. Não tivemos a menor participação [em irregularidades], principalmente com esse doleiro."

O senador disse ainda que assumiu a presidência do PP em abril de 2013, quando Paulo Roberto já não fazia mais parte do quadro da estatal e que ele não teve participação na indicação do ex-diretor para o cargo. "Sempre fui contra a qualquer indicação política na Petrobrás", afirmou.

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Ciro criticou a maneira como as informações sobre o depoimento de Paulo Roberto foram divulgadas. "A forma como foi vazada [a delação] tem caráter político muito forte. Se tem vários nomes e só falam alguns, tem alguma coisa errada." O senador informou ter pedido acesso ao depoimento ao juiz responsável pelo caso para saber em quais circunstâncias seu nome é citado pelo ex-diretor.

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