Sabará critica Amoêdo e diz que Novo barra transferência de recursos para campanha

Candidato critica ex-presidente da sigla, João Amoêdo e afirma que não recebeu doações feitas durante a pré-campanha

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Por Redação
Atualização:

Candidato à Prefeitura de São Paulo pelo Novo, Filipe Sabará criticou nesta quarta-feira, 21, a atuação do ex-presidente de seu partido João Amoêdo e acusou sigla de reter a transferência de dinheiro à sua campanha. Durante a sabatina com jornalistas do Estadão, Sabará disse que membros da comissão de ética da legenda ligados a Amoêdo têm investigado denúncias contra ele “de forma totalmente parcial”.

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“Infelizmente as pessoas da comissão de ética são ligadas ao Amoêdo, o que é muito estranho para uma pessoa que deixou a presidência do partido”, disse.

As afirmações foram feitas antes da decisão da comissão de ética do partido, pela expulsão de Sabará, que vive uma relação conflituosa com o Novo desde que seu nome foi confirmado na disputa. O partido já havia tentado suspender a indicação, mas Sabará entrou com um processo na Justiça, que deu ganho de causa ao candidato. 

Na sabatina, Sabará disse não concordar com o “caciquismo” no partido. “Quando você discorda do João Amoêdo, pessoas vem de perseguir”, disse o candidato. Ao Estadão, Amoêdo disse que Sabará tem uma postura “arrogante, incoerente e vai cair no ostracismo”. Segundo o ex-presidente do Novo, o candidato do partido está “desqualificando a instituição que representa”. 

Questionado sobre as contas da campanha apresentadas à Justiça Eleitoral, onde é informado que apenas R$ 16 mil foram doados à sua candidatura, Sabará disse que o partido deixou de repassar mais de R$ 600 mil que foram doados durante o período de pré-campanha. O candidato questiona falta de repasse dos recursos pelo Novo na Justiça. “Esse dinheiro está preso no partido Novo, o que é um absurdo.” 

Candidato à Prefeitura de São Paulo peloNovo,Filipe Sabará, durante a sabatina com jornalistas doEstadão Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Ele rebateu as acusações de que seu currículo acadêmico tenha informações falsas. Sabará explicou que, ao longo de seu período como estudante de graduação, passou por diversas universidades e fez transferências até concluir o curso. ”Infelizmente o partido Novo aceitou uma denúncia falsa, uma denúncia completamente mentirosa”, disse.

Candidatura na Justiça

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Um dos processos alegava inconsistências no currículo de Sabará, e outro criticava o fato de Sabará dizer, em um programa de rádio que Paulo Maluf foi o melhor prefeito que São Paulo teve. Na sabatina, Sabará foi questionado sobre o impacto do caso em sua campanha, pois alguns vereadores deixaram de apoiá-lo.  “Nem Jesus Cristo teve todo mundo a favor dele, então é muito difícil a gente querer todo mundo estar nos defendendo”, respondeu o candidato. “Se no partido Novo todo mundo pensasse igual, ou seria uma seita ou uma ditadura.”

Relação com Doria

Integrante das gestões de João Doria (PSDB), tanto na Prefeitura quanto no governo estadual, Sabará disse que tem divergências técnicas e políticas com o governador. O candidato criticou o pacote de ajuste fiscal aprovado por Doria na Alesp e se colocou como um integrante da “direita-raiz”.

“Tenho muita gratidão ao Doria, jamais seria ingrato pela oportunidade, mas não quer dizer que eu não tenho a possibilidade e a liberdade para criticar quem quer que for”, disse o candidato do Novo. “É uma discordância política, não tem nada a ver com a pessoa dele. Ele faz o que quiser, tem as escolhas dele. Ele é um tucano, um social-democrata, eu sou uma pessoas mais à direita.”

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Elogios a Zema

Ao comentar rivalidades internas no partido, Sabará elogiou a postura do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que sofreu críticas por defender um alinhamento partidário com o presidente Jair Bolsonaro. O candidato elogiou a gestão de Zema no combate à pandemia de coronavírus. 

“O próprio partido ameaçou o Zema de expulsão, e agora ele está demonstrando que é um excelente governador, o menor número de mortes no Brasil na pandemia em Minas Gerais, está com uma aprovação acima de 70%”, disse Sabará. Minas tem a menor taxa de mortalidade, e não o menor número absoluto de mortes pelo novo coronavírus. “Zema, ao invés de ficar polarizando com o presidente da República, foi fazer hospitais de UTI, foi fazer hospitais de campanha, valorizou as compras dos respiradores para que fossem compras mais baratas”, disse o candidato. 

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Compra de vacinas

Sabará defendeu a decisão de Bolsonaro ao cancelar a aquisição de vacinas contra o novo coronavírus, nesta quarta-feira, 21. O Ministério da Saúde havia assinado um protocolo de intenção a aquisição de 46 milhões de vacinas da farmacêutica chinesa Sinovac, fabricadas em parceria com o Instituto Butantã e o governo estadual de São Paulo. Para o candidato do Novo, a compra não poderia ser fechada sem a aprovação da vacina pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo ministério. 

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“A vacina não está aprovada, não acabaram as fases de teste ainda”, disse Sabará. “Não dá para confirmar compra nenhuma se a vacina não estiver aprovada pela Anvisa e pelo Ministério da Saúde. O presidente disse que não vai comprar, até porque nem tem essa aprovação, então não adianta falar nada agora.”

Preço errado da passagem de ônibus

Filipe Sabará recebeu uma série de perguntas sobre o seu conhecimento da administração pública, sendo uma delas o preço da passagem de ônibus. Em sua resposta, o candidato afirmou que o valor estava em R$ 3,30 e subiu para R$ 3,70. No entanto, essa informação está errada: o valor correto é de R$ 4,40, de acordo com a SPTrans.

Continuando a resposta, Sabará reclamou do “aumento repentino e sem aviso” do preço da passagem do transporte público. “Infelizmente o que aconteceu nesse ano é que a Prefeitura mudou o custo sem avisar, é muito ruim isso. Eu sou favorável à parceria da prefeitura com as empresas, então não sou contra subsídio, mas precisa estar correta essa conta e precisa ser transparente”, afirmou.

Periferia é ‘região de oportunidade’

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O candidato do Novo foi perguntado sobre a sua proposta para recuperar a economia da cidade após o fim da pandemia do novo coronavírus, principalmente nas regiões periféricas. Ele respondeu que são justamente essas áreas que devem receber mais atenção economicamente.

“Aqui, em São Paulo, a gente tem uma chance enorme de fomentar a economia nas periferias, que são regiões de oportunidade”, afirmou. “Nunca houve para elas a oportunidade de crescerem seus negócios, porque a maior parte dos micro e pequenos empreendedores está endividado.”

Ele citou o crédito barato, que está presente no seu plano de governo, para garantir acesso dos pequenos e microempreendedores da periferia a recursos para investir em seus negócios próprios e na região. Sabará ainda afirma que a prefeitura tem como papel qualificar as pessoas, “inclusive em educação financeira”. Seu maior objetivo é atrair investimento privado para a periferia. “Para um momento de retomada, a grande oportunidade para quem quer investir, com a Selic baixa a 2%, são os micro e pequenos empreendedores.”

Polêmica da farinata

Sabará também foi questionado sobre seu apoio à farinata, um composto produzido com alimentos próximos do prazo de validade que seriam descartados. Em 2017, quando era secretário adjunto de Assistência Social durante o mandato de João Doria, a Prefeitura decidiu oferecer o composto como merenda nas escolas públicas municipais, o que gerou grande reação negativa por parte da população. A medida acabou revogada.

O candidato do Novo negou que tenha aprovado a farinata. “O que eu disse é que é ruim desperdiçar alimento. Entre as pessoas passarem fome e os alimentos serem jogados fora, prefiro que eles não sejam jogados fora, para que as pessoas não passem fome”, alegou.

Sabará afirmou que, na época, foi apresentado um projeto de lei na Câmara Municipal em que as empresas de alimentos industrializados que descartam comida a transformassem por meio de tecnologia e doassem para pessoas famintas. “Essa Lei foi aprovada pelos vereadores, depois o prefeito sancionou e disse que queria distribuir para programas sociais. Eu fui contra desde o primeiro momento”, disse ele.

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Para combate à fome na cidade, o candidato, que afirma ser plantador de orgânicos, propôs uma ampliação do programa Horta Social Orgânica, que poderia até ajudar na preservação do meio ambiente em âmbito municipal.

Extinção ou não da Secretaria do Meio Ambiente

Outra pergunta feita ao candidato do Novo foi com relação à possibilidade de extinção de secretarias em seu governo, mais especificamente a do Meio Ambiente. Sabará afirmou que, para essa secretaria, isso não vai acontecer.

“Nossa proposta é agrupar as secretarias, não extinguir. Agrupar por assunto correlato”, explica. A ideia é criar uma plataforma chamada Vida Urbana, que agruparia as pastas da Habitação, do Licenciamento, de Urbanismo, de Mobilidade e do Meio Ambiente. Assim, em vez de “ficarem em ilhas separadas”, as secretarias atuariam juntas “para que o prefeito tenha otimização”.

“Os secretários se mantêm, mas eles conversam sobre os assuntos correlatos”, completou ele. /PEDRO VENCESLAU, BRUNO RIBEIRO, TULIO KRUSE e DIEGO KERBER

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