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Reeleição incerta traz à tona o que ficava só no bastidor

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Por ANÁLISE: Caio Junqueira
Atualização:

O primeiro partido a oferecer apoio oficial à então candidata Dilma Rousseff em 2010 é agora o primeiro aliado a pedir o retorno de Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto.O que embasa este movimento diz mais sobre uma incerta perspectiva de reeleição da atual mandatária do que sobre a instável relação que ela manteve até agora com esse e outros aliados. O PR foi o primeiro alvo da "faxina ética" de Dilma em 2011, mas nem seu retorno ao bilionário Ministério dos Transportes, dois anos depois, permitiu que a relação com o Planalto fosse ajustada. Isso, porém, é passado. O que importa agora é que Dilma caiu nas pesquisas eleitorais, o efeito eleitoral da Copa do Mundo é duvidoso e o cenário econômico não é promissor. Ainda assim, o gesto de parte do PR carrega um inequívoco tom de ameaça. Com o ano legislativo praticamente encerrado por causa da Copa e das eleições, a força do voto em plenário em projetos de interesse do Executivo perde força como moeda de troca por cargos e emendas. Passa a ser substituído pelo tempo de TV e pelos apoios regionais que os partidos podem oferecer.Entretanto, o movimento desperta a atenção por vocalizar algo que integrantes de toda a base aliada, a começar pelo próprio PT, costumam dizer apenas sob reserva: que Lula volte ao posto no qual Dilma lhe sucedeu. Além disso, faz com que o "Volta, Lula", antes restrito aos bastidores de Brasília, ganhe seus primeiros adeptos com nome e sobrenome na Esplanada, com possibilidade de virar um inédito instrumento de negociação pelos aliados para manter a aliança com os petistas nas eleições.

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