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PT avalia reforçar discurso do medo contra adversários

Executiva Nacional se reúne hoje para analisar efeitos de estratégia que busca relacionar o PSDB a retrocesso na economia e no social

Por Erich Decat
Atualização:

BRASÍLIA - A estratégia do PT de enfrentamento e beligerância contra os adversários políticos, que recorre à tática de despertar o "medo do passado" no eleitor, será aprofundada nas discussões da reunião da Executiva Nacional do PT marcada para hoje, em Brasília. Parte da cúpula do partido entende que surtiu efeito a nova linha de ação de reagir sempre que houver ataques de integrantes da oposição ao governo, ao PT e à presidente Dilma Rousseff. Os petistas avaliam que, com as ações adotadas até aqui, saíram vitoriosos neste período de pré-campanha, considerado internamente como o "primeiro round" das eleições."O enfrentamento que construímos se mostrou correto. E todas as iniciativas que nós tomamos se refletiram nos últimos dados, mostrando que a candidatura de Dilma se consolidou", afirma o vice-presidente nacional do PT, deputado José Guimarães (CE).A estratégia, iniciada em pronunciamento de Dilma por ocasião do 1.º de Maio e que teve sequência com a propaganda do PT veiculada na TV e no rádio nas últimas duas semanas, será reforçada em eventos do governo, especialmente nos discursos da presidente e de seus auxiliares. Deve servir ainda como orientação para líderes de partidos da base aliada.O alvo prioritário dos petistas, no momento, é enfraquecer a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG), segundo colocado nas pesquisas eleitorais, atrás de Dilma. "O PSDB escolheu esse caminho, tirou o discurso do Eduardo Campos e chamou o PT para a briga. E nósos enfrentamos. Nesse primeiro round nós estamos ganhando", considera Guimarães.Na análise de alguns integrantes da cúpula do partido, a criação de uma linha mais combativa e a estabilização da presidente nas pesquisas também servirão de "combustível" para a militância até aqui "acuada" pelos ataques dos adversários.Ronaldo. O PT aplaudiu, por exemplo, a resposta dada por Dilma ao ex-jogador Ronaldo, que disse à agência Reuters estar "envergonhado" com os atrasos das obras da Copa. Sem citá-lo, a presidente rebateu o ex-craque. "Não temos do que nos envergonhar e não temos complexo de vira-latas", afirmou para uma plateia de jovens, em Brasília, no sábado. "Há até pouco tempo ela não respondia, o governo não respondia", avalia Florisvaldo Souza, integrante da Executiva Nacional do PT. "O caso do Ronaldo é um exemplo positivo. Houve uma reação rápida. Ela matou a fala dele". O dirigente petista defende a manutenção dessa linha. "Temos de debater o que tem de ser debatido e não deixar para depois, não ter de aguardar o resultado de pesquisas para saber como agir."A linha de "matar o discurso" do adversário também deverá ser adotada no caso da Petrobrás, considerada um símbolo do País e, atualmente, alvo de investigação por parte da Polícia Federal e de uma CPI no Senado. "No caso da Petrobrás, não têm aparecido novidades e as explicações do governo têm sido absorvidas pela população", afirma Florisvaldo Souza.A mudança no tom da campanha teve como ponto de partida o pronunciamento no 1.º de Maio, no qual Dilma anunciou medidas como o reajuste de 10% nos valores do Bolsa Família. Em programa partidário de dez minutos, no último dia 15, o PT recorreu a discurso de que era preciso evitar os "fantasmas do passado", o que foi entendido como referência ao governo do PSDB. A propaganda foi produzida pelo marqueteiro João Santana, que deve atuar na campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. O partido também comparou o modo de governar dos petistas com os tucanos. Na semana passada, a pedido do PSDB, a ministra Laurita Vaz, do TSE, mandou suspender trechos do programa.

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